POLÍTICA

Comissão mista já rejeitou 92 emendas coletivas ao Orçamento

Relatório sobre alterações na Lei orçamentária avalia as mais de 6,5 mil emendas apresentadas, que elevam despesa do governo em 234 bi em 2023
Da Redação / Publicado em 21 de novembro de 2022

Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

PEC da Transição entregue ao Senado pelo vice-presidente eleito e coordenador da transição, Geraldo Alckmin, exclui benefícios sociais do teto de gastos. Emendas ao orçamento irão a votação

Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

A Comissão Mista de Orçamento (CMO) analisa na terça-feira, 22, o relatório do deputado José Priante (MDB-PA), coordenador do Comitê de Admissibilidade de Emendas (CAE).

A reunião está marcada para as 14h30min. O CAE é um órgão permanente da CMO que pode propor a inadmissibilidade de emendas apresentadas ao projeto de lei orçamentária anual (PLN 32/2022).

O relatório do deputado Priante ainda não foi divulgado. Mas uma análise técnica preliminar das consultorias de orçamento do Senado e da Câmara sugere a inadmissibilidade de 93 emendas coletivas, apresentadas por bancadas estaduais ou comissões permanentes.

O PLN 32/2022 recebeu um total de 6.575 emendas de despesa, que somam R$ 234,3 bilhões.

Outros projetos

Além do relatório do CAE, a Comissão Mista do Orçamento pode votar cinco projetos de lei. Quatro desses projetos abrem crédito para órgãos públicos.

O PLN 10/2022 destina R$ 827,2 mil para o Ministério da Economia, o PLN 12/2022 prevê R$ 596,21 milhões para diversos órgãos do Poder Executivo, o PLN 20/2022 outros R$ 58 milhões para as Justiças Federal e do Trabalho e PLN 30/2022, que libera R$ 279 milhões para o Ministério Público da União.

Os senadores e deputados da Comissão de Orçamento podem votar ainda o PLN 39/2022, que altera a Lei de Diretrizes Orçamentárias (Lei 14.194, de 2021). A proposta estende de 15 de outubro para 30 de novembro o prazo para encaminhamento de projetos de lei de abertura de créditos suplementares e especiais.

Programa de renda fora do teto de gastos

Na quinta-feira, 16, vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) apresentou a proposta para a PEC da Transição, que vai acomodar no Orçamento de 2023 a política pública de transferência de renda chamada de Auxílio Brasil no governo Bolsonaro e que deve voltar a ser batizada de Bolsa Família a partir do exercício financeiro de 2023.

A intenção é permitir a continuidade do pagamento do valor de R$ 600,00 mais uma parcela extra de R$ 150,00 para cada criança até os 6 anos de idade.

A minuta da equipe de transição prevê que o programa seja excluído do teto de gastos de forma permanente.

Os gastos com o Auxílio Brasil, ou com o programa de renda que vier a substitui-lo, também não serão contabilizados para a meta de resultado primário do ano de 2023, nem precisarão seguir a “regra de ouro” – segundo a qual o governo não pode contrair dívida para custear despesa corrente.

A previsão é que o programa de renda tenha um custo de R$ 175 bilhões no próximo ano.

Outra excepcionalidade criada para o programa de renda é que ele não precisará seguir as regras de criação, aperfeiçoamento e expansão da ação governamental – que incluem, por exemplo, a necessidade de compensar um gasto novo com um abatimento.

Emendas

A minuta da PEC também abre espaço para que a equipe de transição insira gastos no Orçamento de 2023 pelas emendas do relator-geral.

Segundo o texto proposto, o relator poderá apresentar emendas relativas a pedidos da transição e elas não precisarão seguir os limites aplicáveis às emendas orçamentárias.

Essas emendas deverão ser classificadas, excepcionalmente, nas rubricas RP 1 (despesa primária obrigatória) ou RP 2 (despesa primária discricionária), em vez de na rubrica RP 9, que identifica as emendas de relator.

O relator-geral do Orçamento de 2023 é o senador Marcelo Castro (MDB-PI), que deverá ser o primeiro signatário da PEC da Transição.

Outras exceções

A PEC poderá abrir outras exclusões do teto de gastos, além do Auxílio Brasil, ou do programa que vier a substitui-lo, a partir do exercício financeiro de 2023.

São esses, os projetos socioambientais e relativos às mudanças climáticas que sejam custeados por doações; despesas de universidades federais que sejam custeadas por doações, receitas próprias ou convênios; investimentos federais em valor referente ao excesso de arrecadação em 2022, limitado a 6,5% do excesso de arrecadação registrado em 2021. Neste caso, a despesa também não seria considerada para o cálculo do resultado primário.

Tramitação emendas

O documento apresentado por Alckmin, que é o coordenador da equipe de transição, não é a proposta que vai tramitar no Congresso.

O vice-presidente eleito explicou que ele traz apenas sugestões para compor o texto da PEC. O texto final será elaborado pelo senador Marcelo Castro após negociação com as lideranças do Senado.

Para começar a tramitar, uma PEC precisa da assinatura de 27 senadores, incluindo o primeiro signatário, e deve passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e depois pelo Plenário, onde precisa de pelo menos 49 votos favoráveis em cada um de dois turnos de votação.

Se for aprovada pelo Senado, a proposta vai para a Câmara dos Deputados.

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