POLÍTICA

Cacique bolsonarista detido em Brasília já foi preso por posse de pasta-base de cocaína

O apoiador de Bolsonaro é filiado ao Patriota e foi candidato a prefeito de Campinápolis (MT), em 2020. Assim como ele, veículos usados em atos antidemocráticos estão ligados a crimes de tráfico
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 13 de dezembro de 2022
Cacique bolsonarista já foi prseo por tráfico

Foto: reprodução/redes sociais

Cacique Serere é filiado ao Patriota e foi candidato à prefeito de Campinápolis (MT) em 2020

Foto: reprodução/redes sociais

Estopim dos tumultos acontecidos no final da tarde dessa segunda-feira, 12, em frente à sede da Polícia Federal de Brasília, José Acácio Serere Xavante, conhecido como Cacique Serere, já teve passagem na polícia. Antes de ter sua detenção provisória efetuada ontem por agentes da PF a pedido da Procuradoria Geral da União (PGR) e autorizado pelo ministro do Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o indígena teve Auto de Prisão em Flagrante decretado por posse de pasta-base de cocaína.

O fato ocorreu em 27 de novembro de 2007, quando Serere se recusou a ser revistado em público e foi conduzido à Delegacia de Polícia de Campinápolis (MT) para revista.

Em 30 de janeiro de 2008, a Segunda Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Mato Grosso (TJMT) negou por unanimidade o pedido de Habeas Corpus para o relaxamento da prisão provisória.

Segundo despacho do desembargador Manoel Ornellas de Almeida, então presidente do colegiado composto por quatro magistrados, além do flagrante ter sido “devidamente lavrado, com a prova da materialidade delitiva e indícios suficientes a indicar que o paciente estava praticando tráfico de entorpecentes”, Serene poderia tumultuar as investigações, intimidar testemunhas e ocultar provas.

Na ocasião, o desembargador lembrou que no momento da autuação a própria delegada de polícia foi ameaçada de morte por Serene e um grupo de apoiadores.

José Acácio, ainda relatou o desembargador, precisou ser recambiado às pressas para Nova Xavantina, Barra do Garças e, após, para Cuiabá, porque havia a concreta ameaça de resgate que poderia causar “derramamento de sangue”.

Modus operandi 

De certa forma foi o que ocorreu após a prisão do Cacique Serere ser efetuada pela PF por ter incentivado e realizado atos de cunho antidemocrático em diversos locais da capital federal.

No início deste mês, pessoas ligadas à Serere invadiram o setor de embarque do Aeroporto Internacional de Brasília entoando palavras de ordem contra o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Na decisão que embasou a prisão do indígena que se ainda se autodenomina pastor evangélico foi informado que o Xavante convocou manifestantes armados para impedir a diplomação do petista.

Cacique e pastor controverso

Serere, conhecido como cacique Serere (ou Tserere) nasceu no Mato Grosso. Ele tem 42 anos de idade e é sócio do Instituto de Promoção Educacional e Social do Araguaia e da Associação Indígena Bruno Omore Dumhiwe. Nas redes sociais, não há nenhuma referência ou link sobre essas entidades. Somente menções vinculadas à prisão do indígena. Autodenominado pastor, Serere é fundador da Missão Tsihorira & Pahoriware – Mitsipe.

Lideranças indígenas alegam que Serere não representa a etnia Xavante, mas apenas um pequeno grupo. A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) informou que o Cacique não tem nenhuma relação com a entidade.

Indígenas são pagos por fazendeiro

De acordo com o Correio Brasiliense, o cacique estaria recebendo o apoio financeiro do fazendeiro paulista Didi Pimenta. Com propriedade em Campinápolis, onde moram Serere e família, Pimenta e amigos enviaram indígenas em oito ônibus. No último dia 11, outras etnias também teriam sido encaminhadas para Brasília.

Pimenta agora estaria pedindo PIXs em vídeo divulgado em grupos vinculados ao agronegócio porque “estão com dificuldade de manter os índios” acampados em Brasília.

Caminhões à serviço do crime

Cacique bolsonarista já foi prseo por tráfico_

Foto; Reprodução de vídeo

Cenas de caos e destruição em Brasília são comparadas a atos terroristas

Foto; Reprodução de vídeo

Não é só Serere que é conhecido por agentes de segurança e pelo Judiciário.

Relatório da Polícia Rodoviária Federal (PRF) enviado ao STF apontou uma série caminhões envolvidos em crimes como tráfico de drogas, contrabando e crime ambiental sendo utilizados em bloqueios antidemocráticos em estradas e avenidas do Centro-Oeste.

Um dos caminhões foi apreendido em outubro de 2022 em Palhoça (SC) com quase três toneladas de maconha e 103 quilos de skunk no meio da carga de farelo de soja.

Preso e conduzido à PF de Florianópolis, o condutor do veículo e outro homem que fazia parte do comboio relataram que ganhariam R$ 100 mil pelo transporte das drogas.

Segundo boletim de ocorrência, o caminhão estava registrado como de propriedade da Sipal Indústria e Comércio. A mesma empresa já teve oito veículos registrados como participantes de atos antidemocráticos. Detalhe, a empresa possui financiamento do BNDES para compra de caminhões.

No dia 17 de novembro, o ministro Moraes mandou bloquear a conta bancária da empresa.

 

 

 

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