POLÍTICA

Itamaraty classifica telegramas sobre viagem de Bolsonaro a Londres como reservados e secretos

Presidente viajou à Inglaterra para cerimônias do funeral da rainha Elizabeth II em plena campanha eleitoral. Deputado vê potencial dano à imagem do Brasil
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 2 de dezembro de 2022

Foto: Divulgação/Foreign, Commonwealth & Development Office

Bolsonaro impôs sigilo sobre viagem ao funeral da rainha, em Londres, onde fez campanha como se estivesse no Brasil. Michele levou até maquiador

Foto: Divulgação/Foreign, Commonwealth & Development Office

O Ministério das Relações Exteriores classificou telegramas que articularam a viagem de Jair Bolsonaro (PL) à Inglaterra para o velório da rainha Elizabeth II como “reservados, secretos e ultrassecretos”.

Por isso, os documentos não foram encaminhados ao deputado federal Marcelo Calero (PSD-RJ), que requereu expedientes diplomáticos que foram trocados entre a embaixada brasileira em Londres e a Secretaria de Estado das Relações Exteriores no meses de julho, agosto e setembro.

Como uma das atribuições dos deputados é fiscalizar atos do Executivo, é praxe regulamentada ter acesso a informações sob garantia de sigilo. Callero é diplomata de carreira.

Na justificativa de seu requerimento de informações, o deputado disse que a viagem de Bolsonaro poderia conter “potencial dano à imagem do país no exterior”.

Em resposta ao pedido do parlamentar, o Itamaraty desconversou e enviou apenas correspondências que trataram de questões burocráticas e administrativas da viagem.

Callero abriu o protocolo no Itamaraty em 20 de setembro e questionou a escolha dos nomes e cargos das pessoas para comitiva que viajou à Inglaterra para o enterro de Elizabeth II.

Um dos integrantes, o pastor Silas Malafaia, líder da igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, chegou a dizer que não sabia o motivo de ter sido convidado. Malafaia ainda acompanhou Bolsonaro na abertura da Assembleia Geral da ONU, em Nova York.

Escândalo

Acompanhado da primeira-dama, Michele, Bolsonaro transformou a sacada da casa do embaixador brasileiro na capital da Inglaterra em palanque para fazer comício eleitoral.

Ele foi a um posto de gasolina para fazer comparações fora de contexto entre os preços do combustível no Reino Unido e no Brasil, entre outros atos da inusitada campanha no exterior.

A injustificada presença do pastor Silas Malafaia na comitiva também gerou críticas internas e externas ao presidente, assim como as fotos postadas nas redes sociais por Michele, que se deu ao luxo de levar um maquiador pessoal ao Reino Unido.

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