Após quatro anos, governo do Brasil volta a dialogar com trabalhadores
Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizou na manhã desta quarta-feira, 18, no Palácio do Planalto, a primeira reunião ampliada do seu governo com sindicalistas.
O encontro contou com presença de mais de 650 representantes de trabalhadores das mais variadas centrais e categorias. Ao lado do ministro do Trabalho Luiz Marinho, o presidente Lula anunciou a criação de uma Mesa Nacional para debater questões trabalhistas.
Já no início da manhã, Lula manifestou seu contentamento com a iniciativa via suas redes sociais.
“Hoje recebo centrais sindicais para uma conversa no Palácio do Planalto. Foram quatro anos em que trabalhadores não eram ouvidos pelo Governo Federal”, escreveu.
No encerramento do encontro, o presidente chamou a atenção ao afirmar que é importante que haja pressão dos trabalhadores para que muitas questões voltadas para os mais vulneráveis avancem.
E foi categórico: não quer ouvir nenhum movimento social dizer que vai aliviar “porque o presidente é o Lula. É exatamente porque o lula é o presidente que vocês têm que fazer pressão”.
Pautas dos trabalhadores
Presente na ocasião, o presidente da Central Única dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul (CUT/RS), professor Amarildo Cenci, disse que o encontro foi muito proveitoso.
“Todas as centrais se fizeram presentes, apresentaram suas demandas, além de saudar a reestruturação do Ministério do Trabalho que agora também levará adiante a questão da economia solidária”, disse.
Na pauta dos trabalhadores entregue ao governo estão a valorização do salário-mínimo; a retomada da Ultratividade – manutenção da validade de um acordo coletivo de trabalho e os direitos conquistados até novo acordo ser assinado; fim dos acordos individualizados; revisão das políticas de terceirização, regulamentação para os trabalhadores de aplicativos de transporte e tele entrega; igualdade de direitos entre homens e mulheres; redução de jornada de trabalho para 40 horas e reajuste da tabela do Imposto de Renda.
As centrais, segundo Cenci, ainda reivindicam autonomia para que os sindicatos, a partir de amplas discussões com suas categorias, possam garantir a sua sustentabilidade, por serem mediadores na relação entre patrões e trabalhadores.
Mudança no mundo do trabalho
Lula ao falar da reforma trabalhista feita após o golpe que derrubou a presidente Dilma Rousseff, no entanto, fez questão de lembrar que é importante que as lideranças sindicais tenham presente que o mundo do trabalho mudou.
Apontando para um ponto da reforma que debilitou o financiamento da força da representação sindical, Lula lembrou da promessa não cumprida por Temer de ver alternativas.
Para o presidente isso não aconteceu porque “essa gente acha que não precisa de sindicato”. Em contraponto, deixou claro sua contrariedade: “eu acho que a democracia precisa de sindicatos fortes”.
Mais especificamente para a categoria de trabalhadores que vendem sua mão de obra para as plataformas de tele entrega ele foi enfático. “Não são microempresários” e é necessário um mínimo de proteção a ser assegurada.
Tele entregadores por aplicativos
Após o encerramento da reunião, a Aliança dos Entregadores por Aplicativos divulgou Comunicado Oficial informando que suspendeu a paralisação que estava preparando para o próximo dia 25.
Segundo o documento, um dos pontos do movimento foi contemplado com o início “das conversas” com o Secretário Nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho Gilberto Carvalho e o convite para que a Aliança integra a comissão que iniciará estudos de uma proposta de regulamentação para a categoria.
Uma oportunidade única para as lideranças dos tele entregadores “que exigimos – sem resposta – ao longo dos últimos anos”.
“Tal oportunidade traz também o desafio de envolver toda a categoria na formulação dessa proposta e o custo desse aprofundamento é incompatível com as mobilizações de rua. Entendemos que devemos priorizar a oportunidade que nos foi dada ainda que tenhamos pendências com relação às plataformas”, registra o comunicado.
A aliança, no entanto, informa que irá respeitar e apoiar os tele entregadores “que optarem em realizar localmente suas ações de mobilização e cobrança”, ao lembrar que existem muitas pendencias junto às plataformas.