POLÍTICA

Cresce pressão nos EUA pela expulsão de Bolsonaro

Já chega a 46 o número de congressistas que pedem que o presidente Joe Biden force a saída de Jair Bolsonaro dos Estados Unidos e que o FBI investigue se houve complô em território norte-americano
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 13 de janeiro de 2023
Cresce pressão nos EUA pela expulsão de Bolsonaro

Foto: Alan Santos / PR

O ex-presidente Jair Bolsonaro e a ex-primeira dama Michelle entraram nos EUA ainda com as regalias de chefe de Estado, levados por um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). Cresce a pressão no parlamento norte-americano para que deixem o país

Foto: Alan Santos / PR

 

Há dois dias eram apenas dois parlamentares. Agora, com os últimos acontecimentos no Brasil, cresce para 46 a quantidade de congressistas que pedem ao presidente americano Joe Biden force a saída de Jair Bolsonaro do seu território.

Em carta enviada ontem à Biden, eles solicitam que o visto diplomático do ex-presidente do Brasil seja revogado, assim como qualquer outra permissão para que Bolsonaro fique nos EUA.

Os congressistas também são enfáticos ao exigir que o governo “investigue qualquer ação tomada em solo americano para ajudar a insurreição” que aconteceu na capital brasileira no último dia 8. Pedem também que o FBI (Federal Bureau of Investigation) se encarregue do assunto.

O FBI é uma unidade de polícia do Departamento de Justiça dos Estados Unidos e serve tanto como uma polícia de investigação quanto serviço de inteligência interno.

Não excluem no documento a possibilidade de coordenação, financiamento ou apoio interno ao que definiram como atos golpistas e violentos.

Apoiado pelo guru da extrema direita americana

Na segunda-feira, 9, Steve Bannon (guru do clã Bolsonaro na eleição de 2018 e ex estrategista de Donald Trump) e outros nomes importantes da extrema direita dos Estados Unidos comemoraram os atos de vandalização e terrorismo nas sedes dos Três Poderes do Brasil por terroristas que não aceitam o resultado das eleições em outubro passado.

Bannon manteve seu estilo e disse na rede social de extrema direita, a Gettr, que “Lula roubou as eleições. Os brasileiros sabem disso”.

Inspirador das táticas que levaram Bolsonaro ao poder, ele criou um sistema de notícias falsas que atingiu fortemente a opinião pública norte-americana.

“Não devemos permitir que Bolsonaro ou qualquer outro ex-funcionário do governo brasileiro se refugie nos Estados Unidos para escapar da justiça por crimes que possam ter cometido durante seu mandato, e devemos cooperar plenamente com qualquer investigação do governo brasileiro sobre suas ações, se solicitado”, diz os congressistas na carta enviada à Biden.

Brasil abandonado

Bolsonaro abandonou o Brasil às vésperas da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no final de 2022. Ele entrou nos EUA ainda como como chefe de Estado, levado por um avião da Força Aérea Brasileira (FAB).

Usou o visto A-1 que é concedido para diplomatas ou funcionários de governos.

“Como ele não é mais o presidente do Brasil, nem está servindo atualmente como funcionário do governo brasileiro, solicitamos que se reavalie o status dele no país para determinar se existe uma base legal para sua estada e se revogue qualquer visto diplomático que possa ter”, asseveram os congressistas à Biden.

Até o momento, nenhuma manifestação sobre a situação legal de Bolsonaro nos EUA foi emitida pelo governo daquele país.

Ned Price, porta-voz do Departamento de Estado americano, somente disse ainda no dia 9 que estrangeiros que chegam ao país com um visto A-1 têm 30 dias para deixar o território se não estiverem mais fazendo parte de um governo.

O primeiro parlamentar americano a pedir a expulsão de Bolsonaro do seu país, o deputado democrata do Texas, Joaquín Castro, se manifestou prontamente no dia 8, durante o caos promovido em Brasília por apoiadores de Bolsonaro.

“Ele é um homem perigoso. Deveriam mandá-lo de volta para seu país natal, o Brasil”, disse na ocasião.

Castro ainda fez uma relação do ocorrido no Brasil com o ataque ao Capitólio americano em 2021. “Terroristas domésticos e fascistas não podem usar a cartilha de Trump para minar a democracia”.

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