Vereadora tem mandato cassado em Montenegro
Foto: Juciele Paz/Assessoria de Imprensa/Câmara de Vereadores de Montenegro
A Câmara de Vereadores de Montenegro cassou, por unanimidade, o mandato de Camila Oliveira (Republicanos) em sessão extraordinária realizada nesta segunda-feira, 16.
A denúncia, que resultou na perda do mandato por quebra de decoro parlamentar, foi feita pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT). Camila não esteve presente no julgamento, que se iniciou por volta das 9 horas e se encerrou às 12h25.
O processo contra a vereadora iniciou em outubro de 2022 e vinha sendo realizado pela Comissão Processante integrada pelos vereadores Felipe Kinn da Silva (MDB), Ari Müller (PP) e Valdeci Alves de Castro (Republicanos).
Foto: Juciele Paz/Assessoria de Imprensa/Câmara de Vereadores de Montenegro
É a primeira vez na vez na história de 150 anos da Câmara do município que ocorre um pedido de cassação de mandato.
A composição atual era de oito vereadores e duas vereadoras. Com a perda do mandato assume o vereador Cristian Souza, também do Republicanos.
O Grupo Feminina Montenegro saudou a decisão.
O Coletivo, formado por mulheres de todos os segmentos sociais e cores partidárias, acompanhou as sessões da Câmara desde a instalação do processo em meados de outubro, na luta por justiça, informou Tina Griebeler, uma das integrantes do movimento.
Falas e atos machistas
“Muito triste ter que se mobilizar para tirar uma mulher que era para nos representar e defender pautas das mulheres”, avaliou a candidata à vice-prefeita, Liliane Melo (PT), nas últimas eleições.
“Não foi nem um pouco agradável ter que acompanhar esse processo. Mas a postura foi totalmente machista e infelizmente teve que se pedir a cassação. Não é isso que gostaríamos de ver. Esperamos que daqui pra frente se possa fazer escolhas mais assertivas para que a gente coloque mulheres que defendam nossas pautas”, concluiu.
A secretária-geral da CUT-RS e secretária de Mulheres do PT-RS, Vitalina Gonçalves, esteve no município e acompanhou a situação desde a abertura do processo.
“Quem exerce cargo público e eletivo precisa ter claro que ato tem consequência. Os espaços da política e da internet não são espaços livres e sem controle”, registrou a ativista. Ela lamenta a conduta da parlamentar cassada.
“Temos que ser solidárias com as mulheres, mas em nenhum momento a vereadora teve essa conduta. Ela demonstrou deboche e afronta às mulheres durante os ritos no Legislativo”, disse a sindicalista. “E quando se trata de violência política de gênero estamos cada vez mais atentas e essas atitudes não passarão”.
“A condenação desta vereadora deve servir para a reflexão na sociedade de que o respeito é a base das relações sociais”, destacou a jornalista Télia Negrão, da Rede de Saúde das Mulheres Latinoamericanas e do Caribe.
“Numa sociedade democrática é inaceitável este tipo de postura, venha de onde vier. Embora saibamos que o fascismo, em forma de bolsonarismo no Brasil, não só despreza as mulheres como cidadãs e pessoas com plenas capacidades e direitos, mas forneceu até mesmo as armas para que sejam eliminadas. Que esta condenação sirva de exemplo!”, observou Télia,
Vídeo da cassação da vereadora
No vídeo publicado nas redes sociais acompanhada de duas jovens, a vereadora cassada dubla a música Proibidão do Bolsonaro, cuja letra diz que feministas merecem “ração na tigela” e mulheres de esquerda têm “mais pelo que cadela”.
A música é do funkeiro Tales Volpi, o MC Reaça, cujas composições embalaram a campanha do ex-presidente Jair Bolsonaro, em 2018.
O músico se suicidou em 1 de junho de 2019, em Valinhos (SP), após espancar a amante por estar grávida.
Toda a família do ex-presidente homenageou o funkeiro nas redes mas não prestou condolências a mulher agredida, que ficou internada.