POLÍTICA

Frente Parlamentar de Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres é recriada na Assembleia

3.072 mulheres foram ameaçadas, 1.989 foram agredidas, 191 foram estupradas e 9 foram assassinadas em janeiro deste ano no Rio Grande do Sul
Da Redação / Publicado em 28 de fevereiro de 2023

Frente Parlamentar de Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres é recriada na Assembleia

Foto: Paulo Garcia/ALRS

Foto: Paulo Garcia/ALRS

Após ser chancelada por deputados e deputadas de partidos de esquerda, centro e direita, a recriação da Frente Parlamentar de Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres foi homologada pela Mesa Diretora da Assembleia Legislativa nesta terça-feira, 28. Ela será coordenada pelo deputado Adão Pretto Filho (PT), num processo de continuidade dos trabalhos do ex-deputado e seu irmão, Edegar Pretto, que liderou de 2011 a 2022 a iniciativa pioneira no país.

Só em janeiro deste ano, conforme números da Secretaria de Segurança Pública do Governo do Estado, foram registradas 3.072 ameaças contra mulheres, 1.989 lesões corporais, 191 estupros, nove feminicídios consumados e 24 tentativas. Os números de fevereiro devem ser divulgados  até o dia 6 de março. Já em 2022 foram 30.618 ameaças, 17.919 lesões corporais, 2.474 estupros, 106 feminicídios e 263 tentativas.

“A retomada da Frente nesta legislatura é muito simbólica e importante. O objetivo central é darmos continuidade e luz à causa no parlamento. Queremos dialogar principalmente com os homens, porque na maioria das vezes a violência contra as mulheres é cometida por quem as conhece, como o namorado, o marido ou ex-companheiro. Então, é com eles que nós precisamos conversar para mudar essa sociedade, que infelizmente ainda é muito preconceituosa e machista”, afirma Adão Pretto.

A homologação ocorreu durante reunião ordinária dos integrantes da Mesa, após o requerimento para a recriação da Frente ter alcançado as 19 assinaturas necessárias, envolvendo parlamentares do PT, PSol, PCdoB, PDT, PSD, PSDB, PP e Republicanos. A próxima etapa é a sua instalação, o que deve ocorrer nas próximas semanas.

De acordo com o deputado, a ideia é fazer reuniões com frequência e chamar representantes dos poderes Executivo e Judiciário, além da sociedade civil organizada e dos movimentos sociais, para participarem e construírem coletivamente projetos de lei e campanhas de conscientização. Ele acrescenta que também serão convidados parlamentares de outros partidos e de diferentes pensamentos ideológicos, formando uma frente pluripartidária.

“O problema da violência contra as mulheres e meninas será enfrentado de forma muito enérgica com as leis, mas também com a conscientização para um mundo de mais paz e igualdade. Estaremos com essa responsabilidade, mas sem tirar o protagonismo das mulheres, que têm uma luta centenária nessa causa. Queremos estar ao lado delas”, sinaliza.

A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul foi a primeira a criar, ainda em 2011, a Frente Parlamentar de Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres, inspirando Câmaras de Vereadores de várias regiões do estado, que lançaram as Frentes Parlamentares Municipais. Uma das suas principais campanhas é a do “Cartão Vermelho para a violência contra as mulheres”, que envolve clubes de futebol em ações de conscientização durante os jogos. Os dois principais parceiros são o Inter e o Grêmio. Também foram realizadas edições do Encontro Gaúcho de Homens e publicações do Relatório Lilás, que é uma referência para análise do fenômeno da violência de gênero no estado.

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