Presidente da EBC cai por críticas a Israel em rede social
Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
De acordo com a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), o jornalista Hélio Doyle, 72 anos, deixou na última quarta-feira, 18, a presidência do conglomerado do qual faz parte a Agência Brasil, a TV Brasil, a Rede Nacional de Comunicação Pública, além das Rádios Nacional e MEC. Todos órgãos públicos de comunicação.
A demissão foi motivada por um post no X (antigo Twitter) contendo xingamento contra apoiadores de Israel. Doyle republicou um post do cartunista Carlos Latuff, que denomina como “idiotas” apoiadores de Israel: “Não precisa ser sionista para apoiar Israel. Ser um idiota é o bastante”. A postagem foi apagada em seguida, mas já havia repercutido negativamente para o governo brasileiro, que vem manifestando neutralidade no conflito em busca de tratativas de paz para a região.
Em nota encaminhada aos funcionários, Doyle afirma que pediu desligamento ao ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, após a repercussão negativa sobre uma postagem na rede social X. Ele agradeceu ainda a confiança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante os meses em que ficou à frente da empresa pública de comunicação.
“O ministro Paulo Pimenta me manifestou hoje seu descontentamento por eu ter repostado, no X , postagem de terceiro acerca do conflito no Oriente Médio. Disse-me que a referida repostagem e sua repercussão na imprensa criaram constrangimentos ao governo, que mantém posição de neutralidade no conflito, em busca da paz e da proteção aos cidadãos brasileiros. Diante disso, pedi desculpas e comuniquei que deixo a presidência da Empresa Brasil de Comunicação, agradecendo ao ministro Pimenta e ao presidente Lula pela confiança em mim depositada por todos esses meses”, diz a nota do ex-presidente da EBC.
Doyle foi nomeado como diretor-presidente da EBC no dia 14 de fevereiro. Ao todo, ele ficou pouco mais de oito meses no cargo. Doyle assumiu o cargo, após a gestão de transição da jornalista Kariane Costa, representante dos empregados no Conselho de Administração da empresa desde 2021, e que havia sido indicada pelo presidente Lula para liderar o projeto de retomada da comunicação pública.
Ao longo de uma extensa carreira, Doyle trabalhou como repórter, editor e chefe de redação em veículos como Correio Braziliense, O Estado de S. Paulo, Jornal de Brasília, Opinião, Folha de S.Paulo, Rede Globo, Veja, Isto É, Brasil Extra, Zero Hora e Jornal do Brasil. Durante 28 anos, foi professor da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília (UnB). Atuou ainda como chefe da assessoria de imprensa no Governo do Distrito Federal. É autor dos livros Assim é a velha política e Interregno – o feitiço de Tobago.