Brasileiros ficam retidos em Gaza apesar de liberação
Na manhã desta sexta-feira, 10, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, confirmou o fechamento da fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito sem que o grupo de 34 brasileiros pudesse deixar o local.
Após mais de um mês desde do início guerra, que já vitimou mortalmente mais de 11,5 mil pessoas (10 mil em Gaza), o grupo de brasileiros mesmo já autorizado a retornar ao Brasil na última quinta-feira, 9, permanece na zona de conflito. (veja o saldo de cinco semanas de conflito na sequência desta matéria)
“Ontem (quinta), o ministro das Relações Exteriores de Israel me informou que os brasileiros estavam autorizados e que os nomes estavam em poder das autoridades na fronteira e que sairiam hoje de manhã, mas novamente não saíram – apesar de terem sido mobilizados até a região do posto de controle. Não puderam passar porque o posto de controle não foi aberto.”
Segundo o ministro, o governo brasileiro mantém “contatos reiterados” com todas as partes envolvidas no conflito. “Esperamos que esses nomes sejam autorizados a cruzar a fronteira o mais rápido prazo possível”.
“Nossa lista não é das maiores. Temos 34 em Gaza. Há países que têm números muito maiores. A saída é complexa porque a passagem de Rafah fica aberta durante algumas horas por dia e há um entendimento entre as partes que, em primeiro lugar, passam ambulâncias com feridos. Só depois disso passam, então, os nacionais de outros países. Foi o que aconteceu hoje, ontem e até na quarta-feira, em que não houve passagem do lado da Faixa de Gaza para o Egito”, explica.
Quatro em cada dez mortos são crianças, em Gaza
Conforme dados contabilizados até o último dia 6 de novembro morreram mais de 11,5 mil pessoas e mais de 30 mil ficaram feridas dos dois lados da fronteira. Mais de 10 mil na Faixa de Gaza.
Israel confirmou a morte de 1.400 israelenses e cidadãos estrangeiros em consequência do ataque de 7 outubro perpetrado pelo Hamas — considerado um grupo terrorista no Reino Unido, na União Europeia e nos EUA.
Foram identificadas conforme as autoridades 1.159 dos mortos naquele dia, incluindo 828 civis e 31 crianças. Três brasileiros foram executados pelas milícias do Hamas na ocasião.
Já o Ministério da Saúde palestino em Gaza, dirigido pelo Hamas, informou em 6 de novembro último, que mais de 10 mil pessoas tinham sido mortas, entre elas mais de 4.100 crianças. Ou seja, em média, uma criança foi morta a cada 10 minutos.
Alguns líderes internacionais, como Joe Biden, presidente presidente norte-americano, põem em dúvida a exatidão dos números fornecidos pelo Ministério da Saúde palestino, mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que os dados são confiáveis.
Como parte deste saldo de um mês guerra também há registro de cerca de 5.400 feridos em Israel e mais de 25.400 feridos em Gaza e na Cisjordânia. As informações são das autoridades israelenses e do Ministério da Saúde palestino.
Cerca de 2.260 estão desaparecidos em Gaza, incluindo 1.270 crianças. Acredita-se que a maioria esteja soterrada sob os escombros provocados pelos bombardeios.
Reféns mortos durante bombardeios
O massacre promovido pelo do Hamas no dia 7 de outubro com a tomada de reféns foi o estopim da escalada de violência e da resposta sanguinária das Forças de Defesa de Israel (FDI) ao longo das últimas cinco semanas sobre Gaza, considerada sem precedentes na região.
Segundo as autoridades de Israel, cerca de 242 cidadãos nacionais e estrangeiros estão detidos pelo Hamas, incluindo mais de 30 crianças.
O Hamas, porém, informa que pelo menos 57 desses reféns foram mortos pelos próprios ataques israelenses em Gaza.
Quatro reféns civis, incluindo uma jovem de 17 anos, foram liberadas pelo Hamas desde 20 de outubro.
Conforme o exército israelense, uma soldada mantida em cativeiro desde 7 de outubro teria sido resgatada em operação terrestre no dia 29 de outubro.
Hospitais e ambulâncias
O Ministério da Saúde palestino em Gaza noticiou que 16 dos 35 hospitais, o que representa 46% do atendimento médico da região, e 51 dos 76 centros médicos na Faixa de Gaza estão sem funcionar por consequência dos ataques ou por falta de combustível e insumos desde o último domingo, 5 de novembro.
Pelas contas palestinas, mais de 50 ambulâncias foram danificadas, 31 delas estão sem condições de uso e pelo menos 175 profissionais de saúde foram mortos.
De acordo com o direito internacional, trabalhadores humanitários e equipes de saúde e as suas instalações deveriam ser protegidos.
46 jornalistas, 88 funcionários da ONU e 18 trabalhadores da defesa civil foram mortos
A ONU divulgou que pelo menos 88 funcionários que trabalhavam para a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA) foram mortos com mais 18 trabalhadores da defesa civil.
Até o último domingo, 5 de novembro, foram mortos também 46 jornalistas (profissão cuja segurança e trabalho deveriam ser protegidos de acordo com a Convenção de Genebra de 1949). Os dados são do Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Uncha).
De acordo com o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), com sede em Nova Iorque, a guerra entre Israel e o Hamas resultou no mês mais mortal para jornalistas que cobrem guerras nas últimas três décadas.