POLÍTICA

Representação LGBT em câmaras municipais cresce 400%

Monitoramento registra salto de 48 vereadores (em 2020) para 241 (em 2024); o RS representa 11,2% dos eleitos para câmaras municipais
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 9 de outubro de 2024

Representação LGBT em câmaras municipais cresce 400%

Foto: Reprodução/VoteLGBT/Divulgação

Foto: Reprodução/VoteLGBT/Divulgação

Com 241 pessoas LGBTI+ eleitas vereadoras no último domingo, 6, a ONG Aliança Nacional LGBTI+ está comemorando o aumento de mais de 400% da representação da comunidade nos legislativos municipais.

Os exatos 402,08% de acréscimo verificados se dão sobre o número de 48 vereadores eleitos no pleito municipal de 2020, explica Toni Reis, diretor presidente da ONG.

“Este pleito representou um marco significativo para a visibilidade e representação política da população LGBTI+, reforçando o compromisso com a igualdade, a inclusão e os direitos humanos em nível municipal”, afirma Reis que é especialista em sexualidade humana, mestre em filosofia e doutor e pós-doutor em educação.

Segundo dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 3.357 candidaturas se declararam LGBTI+ nas eleições municipais de 2024. Para a Aliança LGBTQIA+, o número demonstra o avanço na busca por mais representatividade dessa população no cenário político brasileiro e marca um novo patamar na luta por igualdade e visibilidade nos espaços de poder.

Voto com orgulho

Segundo o Programa Voto com Orgulho, do total de pessoas eleitas, 42,32% se declaram Gays, 17,42% lésbicas, 14,52% bissexuais, 9,12% heterossexuais, 7,46% Assexuais, 0,82% pansexuais.

Identificadas como Transgênero, foram 19,08% e, cisgênero, 64,31%. Além destas informações, 14,10% pessoas apresentaram alternativas de identidade de gênero e 8,29% citaram outras formas de orientação sexual.

De acordo com o relatório, a diversidade também está presente nos partidos que elegeram esses representantes da comunidade LGBTQIA+.

Nacionalmente, o PT foi o que elegeu mais, com 63 pessoas eleitos. Foi seguido pelo PSD, com 31; PSOL, 19; PSB,17; MDB,15; PSDB,13; Republicanos,11; PP,12; PDT,10; União Brasil, 9; PL, 8; Podemos, 7; Solidariedade, 6; Avante, 5; PV, 4; PCdoB, 3; Cidadania, 3; PRD, 3; Democracia Cristã – DC, 1; e Podemos, 1.

A lógica foi parecida no Rio Grande do Sul. Com 27 pessoas LGBTQIA+, o PT elegeu 10 vereadores. Foi seguido pelo PSD, com 4. Na terceira posição ficaram o Psol, o PP e o MDB, com três vereadores cada. PSB, elegendo dois vereadores, ocupou a quarta posição. PcdoB e PSDB, elegeram um vereador LGBTQIA+ cada.

Bancada do arco-íris em Porto Alegre

Representação LGBT em câmaras municipais cresce 400%

Foto: Elson Sempé Pedroso/CMPA

Atena Beauvoir Rovena, eleita pelo Psol com 4.260 votos, fala da importância do que chama carinhosamente bancada do Arco-íris, composta ao lado dela e de Natasha, pelo vereador do PCdoB reeleito, Giovani Culau.

Foto: Elson Sempé Pedroso/CMPA

Integrando um dos segmentos mais estigmatizados da comunidade LGBTQIA+, os transexuais, estarão presente nas câmaras de vereadores com 46 pessoas eleitas segundo o levantamento do Voto com Orgulho.

No Rio Grande do Sul, foram eleitas seis pessoas trans para as câmaras municipais,  duas em Porto Alegre. No interior, Ijuí terá duas representações trans no parlamento, ambas do PSD. Entre-Ijuís e Rio Grande completam a lista, com uma representação cada, respectivamente do MDB e PT.

Com 4.718 votos, a vereadora eleita pelo PT, Natasha, desabafou em suas redes: “Eu ainda não consigo acreditar! Só agradeço a cada um e cada uma de vocês. Não vamos dar descanso pra direita! Vai ter travesti na Câmara Municipal!”

Atena Beauvoir Rovena, eleita pelo Psol com 4.260 votos, fala da importância do que chama carinhosamente bancada do Arco-íris, composta ao lado dela e de Natasha, pelo vereador do PCdoB reeleito, Giovani Culau.

Para Atena, a “presença de corpos LGBTQIA+ nas câmaras de vereadores” é essencial para garantir representatividade e a defesa dos direitos de uma população que tem uma luta que não se limita à identidade de gênero ou ao uso de banheiros, opina.

“É sobre ser cidadão e cidadã com todos os direitos, assim como qualquer outra pessoa em Porto Alegre. Então, nosso papel é garantir que a população LGBTQIA+ tenha acesso pleno e digno a tudo que é direito de quem vive e é feliz aqui”, completa Atena.

 

Comentários