8 de janeiro terá abraço à democracia na Praça dos Três Poderes
Fotos: Marcelo Camargo Ag Brasil/Secom
Fotos: Marcelo Camargo Ag Brasil/Secom
Em ligação telefônica para parabenizar a atriz Fernanda Torres pela conquista histórica do Globo de Ouro, o presidente Lula ressaltou também a importância simbólica do prêmio às vésperas do ato em defesa da democracia, para marcar os dois anos da invasão e destruição das sedes dos Três Poderes. O ato intitulado Abraço à democracia ocorrerá nesta quarta-feira, 8, no mesmo local onde exatos dois anos após os ataques aos prédios da Praça dos Três Poderes, para comemorar com amplo respaldo popular a vitória da democracia no Brasil.
Embora o ato seja inicialmente convocado pelo partido do presidente Lula, o Partido dos Trabalhadores (PT) considera tanto o ato quanto o movimento suprapartidário. Aliás, o ato foi anunciado praticamente na mesma semana em que a pesquisa Quaest apontou que 86% dos brasileiros rechaçaram a tentativa de golpe de Estado que resultou na invasão e depredação dos prédios da Praça dos Três Poderes no 8 de janeiro de 2023. Até mesmo entre os brasileiros que votaram na extrema direita o golpismo é repudiado por 85%.
Nas redes sociais, o Partido dos Trabalhadores (PT) e outras entidades convocam para uma concentração a partir das 11h, na Praça dos Três Poderes. O ato, descrito como suprapartidário, contará além de lideranças dos Três Poderes, com representantes movimentos sociais e religiosas, reforçando que a luta pela democracia transcende siglas e interesses particulares.
Fernanda Torres
Ainda sobre o telefonema, a atriz agradeceu ao presidente Lula e ressaltou a importância simbólica do prêmio e do resgate da cultura e da memória dos tempos do período da ditadura militar, em especial para as novas gerações. “Ah, Lula, tão bonito vir esse prêmio agora. Uma coisa tão linda para a cultura, para a arte, que foi tão atacada. Esse filme ensinou muito jovem a entender o que é viver num estado sem direitos civis”, afirmou a atriz.
O roteiro narra a trajetória de Eunice Paiva, que teve o marido, o ex-deputado federal Rubens Paiva, levado de casa em 1971 e morto pela ditadura militar brasileira. O percurso dela e de sua família em busca de informações sobre o que realmente ocorreu se tornou símbolo da luta pela verdade e pela defesa dos direitos humanos. O roteiro tem como base o livro escrito por Marcelo Rubens Paiva, filho do casal.
“Não podia ter um momento melhor para o Brasil receber, com muito orgulho, essa premiação. Eu quero ver se a gente consegue transformar 2025 em um ano da defesa da democracia, para a gente fazer a nossa juventude aprender o que é democracia, para ela saber o valor da democracia”, comentou o presidente.
Em uma outra postagem nas redes sociais sobre o feito de Fernanda Torres, o presidente exaltou, ainda, o papel do cinema e da cultura para o país. “ O cinema e a cultura são ferramentas poderosas para manter vivas as histórias que moldam quem somos, transformando memória em aprendizado e arte em resistência”, publicou o presidente.
E completou. “ O filme reflete sobre um passado de horrores que precisa ser lembrado, para que as novas gerações conheçam e as antigas nunca se esqueçam. Ao reconhecer o trabalho de Fernanda Torres, o mundo também reconhece a importância de contarmos nossas histórias, não tolerando autoritarismos nem a violência. Que a força e a resiliência de Eunice Paiva, contadas neste grande filme, criem pontes e aproximem as novas gerações desse debate tão importante para a preservação da nossa jovem democracia. Precisamos estar sempre vigilantes e prontos para defendê-la”.
Programação do Abraço à democracia
A cerimônia terá início às 9h30, com a restituição simbólica de obras de arte destruídas pelos golpistas. Entre as 21 peças recuperadas está um raro relógio do século XVII, trazido ao Brasil por D. João VI e destruído no ataque. A cena da destruição da obra, uma criação do relojoeiro Balthazar Martinot, foi restaurado na Suíça sem custos ao governo. O relógio retorna ao Palácio do Planalto como testemunho da reconstrução.
Outro destaque será a reinauguração da pintura As Mulatas, de Di Cavalcanti, avaliada em R$ 8 milhões. O quadro, alvo direto da fúria golpista, simboliza os ataques à diversidade cultural e ao significado do patrimônio como expressão da identidade nacional.
Às 11 horas, no Salão Nobre do Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outras lideranças institucionais, como o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, farão discursos reafirmando o compromisso com a democracia e denunciando as tentativas de subvertê-la.
Depois do ato oficial, o presidente Lula sairá em direção à Praça dos Três Poderes onde encontrará a população para juntos realizarem o abraço no local em defesa da democracia.
Simbolismo do evento
O simbolismo do evento é reforçado pela presença do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, e dos comandantes das Forças Armadas, instituições que enfrentaram questionamentos quanto à sua postura durante os eventos de 2023. Documentos e mensagens revelados pela Polícia Federal mostram que integrantes do governo Bolsonaro e militares discutiram abertamente planos para um golpe de Estado. Um relatório da PF destacou propostas de assassinato de autoridades e a criação de um “gabinete de crise” que seria liderado pelos generais da reserva Braga Netto e Augusto Heleno.