Arte: D3 Comunicação
Arte: D3 Comunicação
Estar bem consigo mesmo é o primeiro passo para prevenir doenças como a Depressão, que não só proporciona uma baixa qualidade de vida, como pode arrastar para enfermidades mais graves. “Depressão e Pânico surgem muito em decorrência do estresse e da insatisfação pessoal com o trabalho. A pessoa não encontra sentido no que faz, trabalha apenas para poder consumir”, diz Roséli Cabistani. Segundo a psicanalista e professora da Faculdade de Educação da Ufrgs, grande parte das situações de sofrimento psíquico é decorrente de insatisfação profissional. Para ela, sentir que o trabalho não é apenas um gerador de renda, que tem uma função social e contribui para a melhoria da sociedade, é muito importante na promoção do bem-estar de cada um.
Desejar realizações que estão acima de suas capacidades também está no rol das posturas de vida que podem levar a um adoecimento do corpo e da alma. “É como um atleta que, quando jovem, tinha condições de realizar determinadas provas e com o passar do tempo a idade foi lhe impondo limitações físicas”, exemplifica o psiquiatra Marcelo Fleck, pesquisador na área de Depressão e Qualidade de Vida. Para ele é fundamental na promoção do bem-estar que a pessoa esteja sempre repensando e redirecionando suas metas de vida, diante de cada mudança ou acontecimento, pois o sofrimento é gerado pela falta de adaptação. “A qualidade de vida é um hiato entre as expectativas e as realizações. É necessário aumentar as realizações e diminuir as expectativas de acordo com o que está ao alcance”, sugere.
Assim como o conceito de qualidade de vida é subjetivo, pois cada um tem uma percepção e valoriza determinados aspectos mais que outros, os tratamentos para as doenças da alma podem seguir as mais variadas linhas. Uma não tão recente, mas pouco conhecida do público em geral, é a chamada filosofia clínica ou aconselhamento filosófico, que pesquisa a história de vida do paciente e trabalha com suas especificidades. “Ao analisarmos a trajetória de vida da pessoa, podemos saber quais movimentos devem ser feitos”, explica Lúcio Packter, filósofo clínico de Porto Alegre. Ele garante que a polêmica em torno deste uso específico da filosofia é mais mito do que realidade. “O que existe é uma discussão acadêmica. E isso tem que haver, senão vira dogma”, observa.
Tão importante quanto sair de um estado depressivo ou de pânico (doenças mais comuns) é evitar os caminhos que levam a ele. Aí valem as velhas e boas dicas como construir momentos agradáveis de convívio com a família e os amigos, trabalhar em atividades que tragam prazer, mesmo que signifique menos dinheiro, e encarar a vida e os problemas de uma maneira mais leve. Importante saber que a tristeza também faz parte da vida e nem sempre significa uma patologia. (Maricélia Pinheiro)