Os professores não ficam de fora. Estudo realizado por pesquisadoras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) concluiu que os professores estão mais sujeitos que outros grupos a terem transtornos psíquicos de intensidade variada, devido às condições de trabalho – excesso de tarefas e ruídos, pressão por requalificação profissional, falta de apoio institucional e de docentes em número necessário, entre outras. E esses transtornos são os que mais originam pedidos de afastamento do trabalho.
A chamada Síndrome de Burnout – o nome vem da expressão em inglês to burn out, que significa queimar completamente, consumir- se – vem sendo apontada como o transtorno emocional que mais atinge professores. Os principais sintomas são cansaço excessivo, irritabilidade, baixa autoestima, insônia, dores musculares, desordens gastrintestinais, frequentes dores de cabeça e dificuldade de concentração.
Pesquisa nacional feita pela Universidade de Brasília (UnB) no final da década passada entre professores, concluiu que 48% apresentavam algum sintoma da síndrome. Outra mais recente (2003), elaborada pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) apresentou resultados semelhantes: 46% já tiveram diagnosticado algum tipo de estresse. Entre as mulheres esse índice chega a 51%.
A razão, segundo especialistas, está relacionada principalmente à falta de reconhecimento e à indisciplina dos alunos na sala de aula. A pressão por parte das escolas que colocam em primeiro plano os interesses mercadológicos, o medo de perder o emprego e o fato de muitas vezes ter que dar aula em mais de uma escola para complementar a renda seriam outros agravantes. Como a maioria dos que desenvolvem o problema são pessoas extremamente dedicadas, motivadas, idealistas e perfeccionistas, é muito comum se culparem pela falta de interesse dos alunos, acreditando que deveriam dominar as mais diferentes técnicas para estimular o aprendizado.
A Burnout – inicialmente observada em trabalhadores da área da saúde que dão assistência a pessoas em situação de necessidade e dependência – pode causar ainda complicações de saúde mais graves e perda da qualidade de vida. Médicos e psicólogos ressaltam a importância de treinar habilidades de autocontrole e buscar ajuda profissional o quanto antes, para se defender dos efeitos nocivos do contexto.
Estes dados dos professores estão em concordância com pesquisa divulgada pelo Sinpro/ RS e FeteeSul em junho de 2009. O estudo, realizado pelo Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho – Diesat, apontou que fatores como jornada de trabalho elástica, excesso de atividades, pressão de chefias e de alunos estão entre os principais geradores de agravos à saúde física e mental dos professores. Além disso, a pesquisa mostrou que um grande número de professores, mesmo adoecidos, não deixa de cumprir o expediente, fazendo uso excessivo de tratamentos e medicamentos
Magistério está entre as profissões de risco
• 49% fazem tratamento com medicamentos e outros procedimentos;
• 45% apresentaram problema de saúde física e mental relacionado ao trabalho;
• 78% sentiram cansaço e esgotamento frequentes nos seis meses precedentes à pesquisa;
• 20% utilizam medicamento antidepressivo;
• 59% tiveram dificuldade para dormir nos últimos seis meses;
• 71% sentem dores no corpo após um dia de trabalho.
Fonte: Pesquisa Sinpro/RS/FeteeSul/Diesat