Números revelam contexto preocupante
No Brasil, 23 milhões de pessoas – 12% da população – necessitam de algum atendimento em saúde mental. Pelo menos cinco milhões de brasileiros ( 3% ) sofrem com transtornos mentais graves e persistentes. Apesar da política de saúde mental priorizar as doenças mais graves, como esquizofrenia e transtorno bipolar, as mais predominantes estão ligadas à depressão, à ansiedade e aos transtornos de ajustamento. Em todo o mundo, mais de 400 milhões de pessoas são afetadas por distúrbios mentais ou comportamentais. Os problemas de saúde mental ocupam cinco posições no ranking das dez principais causas de incapacidade, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Recente estudo realizado pelo Instituto Glia, com a colaboração de pesquisadores da Universidade La Sapienza (Roma) e do Albert Einstein College of Medicine (EUA), constatou que crianças e adolescentes da região Sul apresentam melhores índices de saúde mental e desempenho escolar, em comparação com outras regiões do Brasil. Esse quadro positivo estaria ligado a fatores socioeconômicos, como melhor renda e maior escolaridade dos pais.
Os sistemas de saúde mental passam por reformas em muitos países, inclusive no Brasil.
Existe uma tendência de reversão do modelo hospitalar para uma ampliação da rede extra-hospitalar, de base comunitária, como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) e as Casas Terapêuticas. Problemas relacionados ao álcool e às drogas passaram a ser enfrentados como um tema de saúde pública e não de polícia. Dados da Organização Mundial de Saúde indicam que cerca de 10% da população adulta é dependente de álcool.
Segundo informações do Ministério da Saúde, atualmente 2,3% do orçamento anual do SUS é destinado para a Saúde Mental. No Rio Grande do Sul, a Secretaria da Saúde trabalha em quatro frentes – prevenção, assistência, reabilitação e reinserção social – formando uma rede de atenção que começa no acompanhamento pré-natal de gestantes que vivem em comunidades de maior vulnerabilidade social. Sandra Sperotto, diretora do Departamento de Ações de Saúde (DAS) da Secretaria de Saúde do RS, considera como o maior desafio o trabalho com os dependentes químicos, especialmente os usuários de crack. “85% deles voltam a usar a droga depois do tratamento”, informa.