SAÚDE

Coronavírus: Brasil tem 92 mortes e 3,4 mil casos confirmados

Após ataques de Bolsonaro que desencadearam passeatas contra o protocolo de isolamento, o país viveu 24h de maior contágio desde o início da pandemia
Por Gilson Camargo* / Publicado em 27 de março de 2020
O secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Kleber de Oliveira, e o secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo dos Reis, divulgam dados atualizados sobre a situação do novo Coronavírus no país

Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil

O secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Kleber de Oliveira, e o secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo dos Reis, divulgam dados atualizados sobre a situação do novo Coronavírus no país

Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil

Desde a noite de quinta-feira até o final da tarde desta sexta, 27, o país viveu as 24 horas de maior incidência de contágio pelo novo coronavírus desde o início da pandemia, de acordo com a atualização divulgada pelo Ministério da Saúde. O número de mortes aumentou 18%, de 77 para 92 nas últimas horas e o total de pessoas infectadas é 3,68 vezes maior em relação aos registros do início da semana: 3.417. O Rio Grande do Sul notificou mais dois casos agora à noite, totalizando 197 contágios e duas mortes. Do total de testes positivos no estado, 115 são de Porto Alegre, que tem outros 85 casos em investigação.

Arte: Ministério da Saúde

Arte: Ministério da Saúde

A taxa de letalidade no país atingiu o máximo da semana, ficando em 2,7%. O total de casos confirmados saiu de 2.915 para 3.417. O resultado marcou um aumento de 80% no contágio desde segunda-feira, quando foram contabilizadas 1.891 pessoas infectadas. A multiplicação do contágio coincide com as manifestações de Jair Bolsonaro (sem partido), que ao longo da semana vem pressionando prefeitos e governadores pela retirada do protocolo de isolamento social recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e a reabertura do comércio de das escolas. Em algumas cidades, empresários organizaram carreatas para também pedir o fim do isolamento social.

Justiça Federal fecha lotéricas e templos

A Justiça Federal no Rio de Janeiro suspendeu os efeitos do decreto publicado na noite de quinta-feira pelo presidente Jair Bolsonaro que definia como “serviço público essencial” atividades religiosas e o funcionamento de casas lotéricas. A determinação atende a pedido do Ministério Público Federal para que as atividades religiosas e o funcionamento de lotéricas sejam suspensos enquanto durar o período de isolamento social para conter a disseminação do novo coronavírus. “O acesso a igrejas, templos religiosos e lotéricas estimula a aglomeração e circulação de pessoas”, sentenciou o juiz federal substituto da 1ª Vara Federal de Duque de Caxias, Márcio Santoro Rocha.

CONTÁGIO – O número de casos novos em todos os estados foi de 502, atingindo o patamar mais alto da série histórica – contra 482 da última atualização pelo ministério. Nos dias anteriores, o aumento havia sido menor, ficando entre 232 e 345 casos. O estado de São Paulo acumula 1.233 pessoas infectadas pelo novo coronavírus, seguido do Rio de Janeiro (493), Ceará (282), Distrito Federal (230), Rio Grande do Sul (197) e Minas Gerais (189). Também registram casos Santa Catarina (149), Paraná (119), Bahia (115), Amazonas (89), Pernambuco (56), Goiás (49), Espírito Santo (47), Rio Grande do Norte (28), Mato Grosso do Sul (28), Acre (25), Sergipe (16), Maranhão (13), Pará (13), Alagoas (11), Mato Grosso (11), Roraima (10), Paraíba (nove), Piauí (nove), Tocantins (oito), Rondônia (seis) e Amapá (dois).

São Paulo: uma morte a cada duas horas e 20 minutos

Em vistoria a hospital de campanha que está sendo construído no Pacaembu, Dória anunciou R$ 309 milhões para as 645 prefeituras do estado no enfrentamento ao coronavírus

Foto: Ascom/Governo do Estado/ Divulgação

Em vistoria a hospital de campanha que está sendo construído no Pacaembu, Dória anunciou R$ 309 milhões para as 645 prefeituras do estado no enfrentamento ao coronavírus

Foto: Ascom/Governo do Estado/ Divulgação

O número de óbitos relacionados ao novo coronavírus em São Paulo cresceu 209 % em apenas cinco dias, conforme balanço da Secretaria de Estado da Saúde. No último domingo, o estado registrava 22 mortes, contra 68 nesta sexta-feira. Municípios da Grande São Paulo e do Interior também registram óbitos. Em apenas 24 horas foram registrados mais dez mortes, o que significa que a doença mata, em média, uma pessoa a cada duas horas e vinte minutos. No domingo somente a capital paulista registrava óbitos relacionados à doença. Já nesta quinta-feira, os municípios de Vargem Grande Paulista, Guarulhos, Taboão da Serra e Ribeirão Preto também contabilizam pelo menos um óbito. Dos dez novos óbitos contabilizados, quatro são homens (66, 67, 91 e 93) e 6 mulheres (63, 63, 65, 77, 85 e 89).  Nove são da capital e um do município de Guarulhos. O Estado também registra 1.223 casos confirmados da doença.

Contágio em SP cai após quarentena

Após as medidas de distanciamento social adotadas pelo governo do estado de São Paulo, a taxa de contágio pelo novo coronavírus caiu de quase seis pessoas para menos de duas. Isso significa que uma pessoa infectada transmitia o vírus para outras seis. No dia 20 de marco, esse número caiu para uma a cada três. No dia 25 já era de uma para cada duas, e a curva de transmissão é descendente. Os dados são do grupo de estudo epidemiológico do Instituto Butantan juntamente ao Centro de Contingência do Coronavírus paulista.

Também houve redução expressiva de internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) depois de 16 de março, na região metropolitana de São Paulo.

O estudo mostra que o Brasil teve 103,7% mais crescimento em casos de coronavírus do que o estado de São Paulo, após as medidas de restrições anunciadas pelo governo paulista. A redução do contágio chegou a cerca de 50% no período na região metropolitana, conforme o instituto.

Em 16 de março eram 152 casos confirmados do novo coronavírus no Estado, chegando a 862 no dia 25. O crescimento foi de 467,1% no período.

Já no Brasil como um todo a curva de crescimento é maior. De 234 casos de coronavírus em 16 de março, o país registrava em 25 de março 2.433 infecções, o que representa aumento de 939,7%, mais que o dobro do registrado em São Paulo.

Rio Grande do Sul reforça proteção a trabalhadores de saúde

Parte do material está sendo organizado pela Secretaria da Saúde para distribuição no RS, que tem confirmados 197 contágios e duas mortes

Foto: Neusa Jerusalém / Ascom SES

Parte do material está sendo organizado pela Secretaria da Saúde para distribuição no RS, que tem confirmados 197 contágios e duas mortes

Foto: Neusa Jerusalém / Ascom SES

Máscaras, luvas e aventais fazem parte dos 80 mil kits de proteção individual que chegaram nesta semana, enviados pelo Ministério da Saúde, para prevenção dos profissionais que trabalham no atendimento aos pacientes da Covid-19 no Rio Grande do Sul. Parte deste material já foi entregue a hospitais com UTI, hemocentros e farmácias de medicamentos especiais. Nesta sexta-feira, outra parte dos equipamentos estava sendo organizada para distribuição pela Secretaria da Saúde para as 19 Coordenadorias Regionais de Saúde (CRS), que por sua vez entregarão aos municípios e casas de saúde: 300 mil luvas, 47 mil máscaras, 16 mil aventais 600 litros de álcool em gel.

*Com informações das Secretarias Estaduais de Saúde, Ministério da Saúde e Agência Brasil.

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