Com sistemas de saúde em colapso, país distende medidas de isolamento contra o coronavírus
Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil
A informações divulgadas pelo Ministério da Saúde na tarde desta terça-feira, 21, sobre a pandemia de covid-19 ficaram defasadas em poucas horas com a contabilização das novas notificações enviadas pelas secretarias estaduais de Saúde no início da noite: o país tem 43.368 casos do novo coronavírus (Sars-Cov-2) e o número oficial de mortes pela doença é 2.761 mortes. A maior letalidade está concentrada nos estados de São Paulo (1.093), no Rio de Janeiro (461) e em Pernambuco (260). A taxa de letalidade está em 6,4%. Nas últimas 24 horas, o ministério registrou 2.498 novos casos e 166 mortes. Nos últimos sete dias foram quase mil óbitos com diagnóstico do novo coronavírus.
Com o relaxamento das medidas de isolamento social cada vez maior em todo o país, a pandemia avança. Os sistemas de saúde de diversos estados estão no limite da capacidade dos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Nas regiões Norte e Nordesde, faltam leitos de UTI nas capitais, a exemplo de Manaus, que atingiu neste feriado o limite de capacidade de atendimento. Faltam vagas para pacientes graves e profissionais de saúde para dar conta da demanda.
Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil
Desde o dia 9 de abril, quando autoridades de Saúde do Amazonas anunciaram que o sistema de saúde da região caminhava para um colapso, todos os leitos de UTI e ventiladores mecânicos do Amazonas estão ocupados com pacientes graves pela covid-19. A secretaria estadual de Saúde de Pernambuco informou que 99% dos leitos de terapia intensiva da rede pública destinados a vítimas da infecção estão ocupados e o Ceará já não dispõe mais de vagas para pacientes graves. Os hospitais públicos já estão perto do limite de lotação. Na cidade do Rio de Janeiro, 93,3% dos leitos de UTI dos hospitais públicos estão lotados, segundo ação coletiva ajuizada na última segunda-feira pela defensoria e pelo Ministério Público. Em reunião com governadores do Nordeste neste feriado, o ministro da Saúde, Nelson Teich, pediu um relatório sobre a situação dos estados e evitou falar sobre isolamento. Desde que assumiu a pasta, no dia 16, Teich cancelou as entrevistas coletivas e tem sinalizado para uma aposta do governo na falta de transparência sobre os números da pandemia. Teich fala em “projeto de revisão do distanciamento social”.
MENOR TESTAGEM – Com um dos menores índices de testes para casos suspeitos de covid-19, o país vêm negligenciando as medidas de isolamento recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para reduzir a velocidade de contágio da doença. É o 14º do mundo em casos e o que menos testa entre os 15 países mais atingidos, com 296 testes por milhão de habitantes. Na Alemanha, que tem a menor taxa de mortalidade, a relação é de 15,7 mil por milhão de habitantes. Na última semana, a OMS atualizou as recomendações técnicas para o combate à pandemia, sugerindo que os países que pretendem relaxar a quarentena precisarão ter capacidade para testar e isolar todos os casos suspeitos de covid-19 na população. De acordo com o diretor-geral da organização, Tedros Ghebreyesus, o ideal seria adotar um intervalo de duas semanas entre cada fase de transição como estratégia para se prevenir contra novos surtos “Para diminuir o risco de novos surtos, as medidas deveriam ser suspensas de maneira paulatina, passo a passo, com base em uma avaliação dos riscos epidemiológicos e dos benefícios socioeconômicos de se suspender restrições em diversos locais de trabalho, instituições educativas e atividades sociais”.