Bolsonaro demite ministro da Saúde
Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil
O presidente Jair Bolsonaro demitiu na tarde desta quinta-feira, 16, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, durante reunião no Palácio do Planalto. A informação foi divulgada pelo próprio ministro em postagens no Twitter.
Em pronunciamento, o presidente confirmou demissão de Mandetta e o seu sucessor, o oncologista carioca Nelson Teich, consultor informal da campanha de Bolsonaro à presidência. Pela manhã, Bolsanaro e Teich acertaram a contratação.
No começo da tarde, o ministério anunciou novos recordes da pandemia: 1.924 mortes e 30.425 casos de coronavírus, com letalidade de 6,3%. Foram 188 mortes nas últimas 24 horas e 600 em três dias.
“Acabo de ouvir do presidente Jair Bolsonaro o aviso da minha demissão do Ministério da Saúde. Quero agradecer a oportunidade que me foi dada, de ser gerente do nosso SUS, de por de pé o projeto de melhoria da saúde dos brasileiros e de planejar o enfrentamento da pandemia do coronavírus, o grande desafio que o nosso sistema de saúde está por enfrentar”, escreveu o ex-ministro.
Médico ortopedista, ex-militar, Mandetta foi secretário da Saúde em Campo Grande e cumpriu dois mandatos de deputado federal pelo DEM/MS antes de assumir a pasta, em janeiro de 2018. Com o agravamento da crise provocada pelo novo coronavírus, ganhou notoriedade e superou a popularidade do próprio Bolsonaro, de acordo com pesquisas do DataFolha.
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Foi ameaçado de demissão diversas vezes pelo presidente, que é contra as medidas de isolamento social contra a pandemia defendidos pela equipe de Saúde.
No domingo, disse em uma entrevista ao Fantástico, da Rede Globo, que as manifestações de Bolsonaro contra o isolamento colocam em risco a saúde da população que, enfatizou, não sabe “se escuta o presidente ou o ministro” da Saúde.
Bolsonaro vem atacando de forma cada vez mais agressiva o isolamento social a pretexto de reabrir o comércio para “salvar a economia”.
O descompasso entre o ministério e o Palácio do Planalto em relação ao distanciamento social levou o secretário de Vigilância Sanitária, Wanderson Oliveira, a pedir demissão na quarta-feira, 15, mas ele foi mantido por determinação do ministro.
Pela manhã, durante um seminário virtual, Mandetta antecipou que seria demitido em breve, “hoje pela manhã ou, no mais tardar, amanhã”. Ele será substituído pelo oncologista Nelson Teich, que teve encontro pela manhã com o presidente. Teich tem manifestado sua posição favorável ao isolamento horizontal que era defendido por Mandetta, mas já afirmou que o enfrentamento da crise não pode levar em conta somente fatores econômicos ou apenas fatores sanitários.