Covid-19 provoca mais de 400 mortes em 24 horas
Foto: Rovena Rosa/ Agência Basil
Um requerimento apresentado nesta quinta-feira, 23, ao Supremo Tribunal Federal (STF) pede que os ministros obriguem o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM) a analisar um pedido de impeachment de Jair Bolsonaro (sem partido). O requerimento é dos advogados José Rossini Campos do Couto Corrêa e Thiago Santos Aguiar de Pádua, autores da ação contra o presidente da República que tem relatoria do ministro Celso de Mello.
Na quarta-feira, 22, o ex-ministro do STF, Ayres Brittoafirmou que o presidente pode sofrer um processo de impeachmentem razão da conduta em meio a pandemia de coronavírus por ter violado a Constituição ao participar de atos que pediram o fechamento do Congresso e do Supremo.
Além desses, ao menos 15 pedidos de impeachment já foram formulados por parlamentares e entidades representativas contra Bolsonaro, provocando reações no Palácio do Planalto. Sob pressão após participar de manifestações antidemocráticas, o presidente foi aconselhado pelo gabinete do ódio e ministros militares a promover uma reforma ministerial para acomodar aliados do Centrão – lideranças partidárias e parlamentares lobistas do baixo clero do Congresso.
O ministério mais visado é a superpasta da Economia, de Paulo Guedes, que pode ser fatiado para acalmar o Centrão. Com isso, o governo pretende reabrir o ministério do Trabalho para acomodar Roberto Jefferson, cacique do PTB. Aliado de Fernando Collor durante o impeachment do ex-presidente, delator do Mensalão condenado por corrupção, Jefferson reapareceu na cena política como suposto aliado e conselheiro de Bolsonaro. Sustenta que Rodrigo Maia teria um plano para derrubar o presidente da República.
Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil
PANDEMIA – Enquanto isso, o número de infectados e mortos pela pandemia de coronavírus cresce sem parar em todos os estados. O país é o décimo-primeiro em em mortes por coronavírus no mundo e o que menos realiza testes nesse ranking. A relação de testes realizados por milhão de habitantes no Brasil é inexpressiva se comparada com outros países. Aqui são realizados 1,3 mil testes por milhão de habitantes. A Holanda, por exemplo, realiza 10 mil testes por milhão.
Os ministros Wagner Rosário (Controladoria-Geral da União), Bento Albuquerque (Minas e Energia), Nelson Teich (Saúde) e Braga Netto (Casa Civil) e o advogado-geral da União, André Luiz Mendonça, participam da coletiva de imprensa no Palácio do Planalto nesta tarde. O encontro foi reservado à divulgação de ações de governo contra a pandemia. Os ministros têm evitado uma abordagem mais detida sobre infectados e mortos, passaram a atacar jornalistas nas coletivas e até a sugerir pautas mais “positivas” em um cenário que mostra o descontrole da doença em todo o país.
Braga Netto destacou que 26.573 pessoas conseguiram se recuperar da Covid-19 e outras 19.606 estão em acompanhamento. A Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia informou que o programa de redução temporária de salários e de suspensão de contratos de trabalho durante a pandemia ajudou a manter mais de 3,5 milhões de empregos com complementação de renda superior a R$ 6 bilhões.
De acordo com levantamento do ministério da Saúde, somente nas últimas 24 horas foram registradas 407 mortes. Isso representa um aumento de 14% em relação ao último boletim epidemiológico e é o maior número de óbitos registrados em um dia desde março. No total, o país soma 3.313 óbitos e 49.492 mil casos confirmados da doença.
São Paulo é o estado com maior incidência de mortes pela covid-19, com 1.345. Rio de Janeiro registrou 530, Pernambuco, 312; Ceará, 266; e Amazonas, 234. Com 211 óbitos nas últimas 24 horas, o estado de São Paulo registra uma vítima fatal por município em um total de 114 e tem ainda 16.740 casos confirmados da doença, distribuídos em 256 municípios. Fora da capital, o contágio caiu de 87% para 67% neste mês. Por outro lado número de óbitos cresceu 21 vezes no interior, litoral e outras cidades da Grande São Paulo. Balanço da secretaria estadual da Saúde desta quinta-feira aponta 433 mortes nessas regiões. No dia 1º de abril, eram 20 mortes fora da capital. Também há um aumento expressivo nas internações, com 7 mil suspeitos e confirmados nos hospitais, sendo 2.807 em UTI e 4.196 em enfermaria. A taxa de ocupação dos leitos para atendimentos Covid-19 em UTI está em 55,3% na capital e em 74% na Grande São Paulo.