Frigorífico da JBS em Passo Fundo é interditado após surto de coronavírus
Not available
A Procuradoria do Trabalho do Ministério Público do Trabalho (MPT) de Passo Fundo determinou nesta sexta-feira, 24, a interdição por tempo indeterminado da unidade do frigorífico JBS no município em virtude de um foco de contágio de funcionários pelo novo coronavírus. Até agora, 20 trabalhadores testaram positivo e dois familiares de funcionários morreram por Covid-19. Além disso, três pessoas que tiveram contato com funcionários testaram positivo e há outros 15 empregados e quatro contatos próximos com suspeita de contaminação. O termo de interdição foi entregue à empresa pelos auditores-fiscais do trabalho Edson Souza e Louise Tezza. A planta da JBS em Passo Fundo tem mais de 2,5 mil funcionários.
Foto: UPF/ Divulgação
De acordo com o boletim epidemiológico da Secretaria Estadual da Saúde, Passo Fundo tem o maior número de infectados depois de Porto Alegre, com 78 casos confirmados e seis óbitos.
Desde a última quarta-feira, 22, a partir de informações da Secretaria Estadual da Saúde (SES/RS) os auditores fiscais do trabalho passaram a atuar na unidade e constataram que a empresa descumpriu normas sanitárias que poderiam ter evitado a disseminação do vírus entre os funcionários.
De acordo com a coordenadora estadual do projeto de fiscalização de frigoríficos do MPT e procuradora do Trabalho em Passo Fundo, Priscila Schvarcz, a inspeção deve ser encerrada nesta sexta-feira. O MPT deve emitir um relatório e medidas a serem adotadas pela empresa, como o afastamento dos trabalhadores por 14 dias.
O termo de interdição do MPT descreve em detalhes o que os auditores fiscais constataram. “Conforme os prontuários analisados, foi constatado, por exemplo, caso de um trabalhador com diversos sintomas característicos de Covid-19 sendo diagnosticado apenas por exame clínico como caso de quadro de resfriado comum, sendo enviado imediatamente de volta ao trabalho com medicamentos apenas para atenuar os sintomas. Em outro exemplo, trabalhadora afastada por 14 dias por suspeita de Covid-19 e seu cônjuge, que inclusive apresentava sintoma compatível com Covid-19 (dor de garganta), não foi afastado e seguiu trabalhando normalmente, inclusive se utilizando do ônibus da empresa para deslocamento”.
Trabalhadores em risco
Foto: JBS/ Divulgação
Segundo Priscila, em março foi instaurado um inquérito civil para investigar uma denúncia sobre a exposição de trabalhadores ao risco de contágio do vírus. Outros 78 funcionários da empresa que estavam com sintomas de gripe estão afastados do trabalho.
Em nota, o Conselho Municipal de Saúde de Passo Fundo pediu a interdição da empresa na quinta-feira, 23. De acordo com o presidente, Neri Gomes, ficou provado que a empresa vinha desrespeitando a segurança individual dos trabalhadores, dos colaboradores e criando um problema de saúde pública em Passo Fundo e região.
A prefeitura de Passo Fundo destacou que realiza “todas as medidas necessárias em relação a orientações, vistorias e investigações relativas aos aspectos sanitários, epidemiológicos e legais dos casos dos trabalhadores de empresas localizadas no município”.
Em nota, a JBS informou que tem adotado as medidas para garantir a máxima segurança e prevenção de cada um dos colaboradores de suas fábricas, centrais de distribuição e escritórios. “Incluem-se nessas medidas: desinfecção diária e periódica das instalações, medição de temperatura de todos os colaboradores antes de acessarem a unidade, afastamento de pessoas do grupo de risco, inclusão de novos EPIs como máscaras acrílicas, obrigatoriedade do uso de máscaras para 100% dos colaboradores incluindo a área administrativa, medidas de distanciamento social, vacinação contra gripe H1N1, entre outras ações”. Alega ainda que adotou protocolos detalhados e específicos e, no caso em que um colaborador com teste positivo para Covid-19, “é prestado imediato atendimento com total apoio a ele e seus familiares até seu restabelecimento. Nesse período, conforme orientam os órgãos de saúde, o colaborador estará afastado de suas atividades e com acompanhamento integral. Além disso, a empresa inclui como procedimento-padrão a total desinfecção e sanitização das áreas comuns e do local em que o profissional trabalha em caráter adicional”.