Jovens são maioria dos contaminados pelo novo Coronavírus no Brasil
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
A maioria dos brasileiros contaminados pelo novo Coronavírus tem de 20 à 39 anos, registra estudo realizado pela pneumologista Margareth Dalcolmo, pesquisadora da Fiocruz, em conjunto com o físico Domingos Alves, professor do Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP/USP).
O trabalho ainda revela que, apesar das mortes por Covid-19 no Brasil prevalecer entre idosos, o país apresenta um índice de óbitos maior do que o verificado em outras nações na população com menos de 50 anos.
O professor Alves, que integra o portal Covid-19 como especialista em análises numéricas do setor da saúde, informa que a letalidade por Covid-19 no Brasil segue a tendência mundial, que é de 85% em idades acima dos 60 anos. Apesar disto, diz o professor, existe um significativo percentual de jovens sendo internados. Nesse universo, relata, 7% das mortes estão nas faixas entre 40 e 50 anos e 3,9% entre 20 a 39 anos.
Foto: Arquivo Pessoal
Margareth foi a primeira profissional da saúde que advertiu a possibilidade da Covid-19 atingir um maior número em faixas mais jovens no Brasil. Em março, a pneumologista disse que o resultado da combinação da pirâmide etária do país com o baixo grau de distanciamento social “rejuvenesceria” a enfermidade.
Sem contar os assintomáticos
Segundo ela, a análise realizada não trata de assintomáticos ou casos leves. São pessoas que “adoeceram com gravidade e engrossaram a triste estatística de casos confirmados”, afirma.
Participante do comitê científico que assessora o governo do estado do Rio de Janeiro no combate à pandemia, Margareth desabafa: “casos confirmados em nosso país – sem testes e com altíssima subnotificação – são os mortos e os internados em hospitais com um quadro grave da Covid-19”.
A médica é categórica: “A situação está grave demais. Muita gente ainda não entendeu que o distanciamento social é a única maneira opção que temos para conter o coronavírus”. De acordo com ela, mesmo a população mais jovem tendo mais defesas imunológicas e, por isso, morrer menos, “não quer dizer que não adoeça com gravidade”.
O trabalho de Margareth e Alves contou com informações oficiais do Ministério da Saúde, do Portal da Transparência do Registro Civil e com estimativas da evolução da pandemia realizadas pelo Covid-19 Brasil que tem se destacado pelo acerto de suas projeções sobre o novo coronavírus e seus impactos no Brasil.