SAÚDE

Avanço da pandemia ameaça povos indígenas na Amazônia

Levantamento revela 93 povos infectados pela covid-19, com mais de 2.500 indígenas com casos confirmados e 240 mortes
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 8 de junho de 2020

A pandemia do novo coronavírus é uma das maiores ameaças aos modos de vida dos povos indígenas da Amazônia. O alerta foi dado pelo escritório de direitos humanos da ONU para a América do Sul em conjunto com a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).

O documento  conclama os países soberanos da região a proteger os direitos dos povos indígenas na bacia amazônica. A garantia da sobrevivência dos povos isolados é destaque.

Os organismos expressaram sua preocupação com os contágios e mortes e a falta de acesso a informações confiáveis sobre sua saúde. Também registram a falta de infraestrutura hospitalar e acesso a serviços de saúde adaptados as necessidades dos indígenas durante a crise.

O Comitê Nacional pela Vida e Memória Indígena divulgou, no último dia 6, levantamento autônomo que aponta 93 povos infectados pela covid-191. O trabalho apontou mais de 2.500 indígenas com casos confirmados e 240 mortes.

A situação das mulheres indígenas e a continuidade do desenvolvimento das atividades econômicas e extrativas que dificultam as medidas de distanciamento ou isolamento adotadas pelas comunidades também foi outro destaque da nota conjunta.

Invasões e desmatamento

No Brasil, a integrante do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Regional Rondônia, Laura Vicuña Pereira Manso apresenta uma realidade que preocupa.

No contexto da pandemia, segundo a missionária, os invasores dos territórios indígenas, quilombolas, Reservas Extrativistas e Unidades de Conservação Ambiental são os que não “fazem quarentena e com mais voracidade estão desmatando a floresta Amazônica”.

A gravidade, destaca Laura, é que essas invasões devido especialmente aos garimpos ilegais na Amazônia acabam contaminando as águas e a terra e colocam os povos indígenas em maior estado de vulnerabilidade diante da pandemia.

Ainda no início de maio, os 67 bispos católicos que atuam na Amazônia brasileira emitiram nota exigindo medidas urgentes dos governos para combater a covid-19 na região. “Manifestamos nossa imensa preocupação e exigimos maior atenção dos governos federal e estaduais à essa enfermidade que cada vez mais se alastra nesta região”, disseram os religiosos.

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