Alto risco de contágio por Covid-19 abrange mais de 73% da população gaúcha
Foto: FHGV/ Divulgação
Os indicadores sobre o avanço da pandemia de Covid-19 e da ocupação de leitos de UTI pioraram no Rio Grande do Sul de acordo com a atualização preliminar da nona rodada do modelo de Distanciamento Controlado adotado pelo governo estadual.
Metade das 20 regiões de saúde usadas no modelo foram previamente enquadradas na bandeira vermelha, ou seja, a identificação de risco alto de contaminação devido à desobediência aos protocolos de isolamento e à superlotação de hospitais públicos.
As dez regiões enquadradas na segunda classificação de risco – abaixo da bandeira preta – concentram 8,3 milhões de pessoas ou 73,4% da população gaúcha – estimada em 11.377 milhões pelo Ibge. Na rodada anterior, eram seis regiões, que representavam 46,1% dos gaúchos.
As bandeiras definitivas serão divulgadas na segunda-feira, 6. A outra metade do mapa está identificada por bandeira laranja, com médio risco. O estado segue sem registro de bandeira preta (risco altíssimo), mas, pela primeira vez, nenhuma região foi classificada em amarelo – que indica risco baixo.
UTI LOTADA – O estado tem 30.371 casos confirmados de Covid-19, sendo 1,2 mil nas últimas 24 horas; e 690 mortes pela doença até esta sexta-feira, 3. A ocupação de leitos de UTI aumentou 36% nas últimas duas semanas, atingindo uma média de 7,1% em todo o estado.
Em Porto Alegre, a prefeitura adotou protocolos mais rígidos de isolamento, como a interdição de parques e 5 mil vagas do estacionamento rotativo. A capital tem 175 pacientes internados, um acima do teto previsto pela primeira fase do isolamento controlado. São 2.884 casos confirmados e cem mortes em Porto Alegre até esta sexta-feira.
Na última quinzena, o número de internados em UTI por doenças respiratórias aumentou 27%, provocando a superlotação dos hospitais públicos em todo o estado. Em Sapucaia do Sul, o Hospital Municipal Getúlio Vargas (HMGV) passou a alertar a população para que busque atendimento no local apenas nos casos de urgência e emergência.
O quadro de superlotação persiste há 30 dias, com uma taxa de ocupação em 115%. O hospital tem 159 leitos oficiais e 39 complementares lotados e existem 25 pacientes na emergência, aguardando leitos de internação ou vaga na UTI.
Arte: Seplag Arte: Seplag
Aqueles que se enquadrarem na Regra 0-0 e podem adotar protocolos de bandeira laranja não precisam protocolar recurso. Dos 307 municípios que compõem as áreas com bandeira vermelha, 177 cidades não tiveram registro de hospitalização e óbito por Covid-19 de morador nos 14 dias anteriores ao levantamento.
Por isso, eles se adequam à Regra e podem adotar protocolos previstos na bandeira laranja por meio de regulamento próprio. Na segunda-feira, o Gabinete de Crise analisará os dados enviados e rodará o mapa novamente e, à tarde, divulgará as bandeiras definitivas, que serão vigentes de 7 a 13 de julho.
Conforme a análise preliminar, seis regiões tiveram piora na classificação final e, portanto, terão maiores restrições de suas atividades. Taquara registrou a mudança mais drástica: a região estava com bandeira amarela e passou direto para vermelho. Palmeira das Missões, Pelotas, Erechim e Caxias do Sul, que estavam com bandeira laranja, também migraram para vermelha. Bagé, que estavam em amarelo, foi para laranja.
Cinco regiões permaneceram sem alteração. Porto Alegre, Capão da Canoa, Novo Hamburgo e Canoas, por terem sido classificadas em vermelho pelo menos duas vezes no período de 21 dias, mesmo que apresentassem melhora nos dados, não poderiam ter regressão no nível de restrição. Com isso, seguem com bandeira vermelha. Passo Fundo não apresentou melhora nem piora no cálculo dos indicadores e permanece com vermelha.
A única região que apresentou redução de risco foi Santo Ângelo, que passou de vermelho para laranja. As demais regiões não tiveram alteração na sua bandeira final e permanecem com bandeira laranja.
PRINCIPAIS DADOS DA 9ª RODADA DO DISTANCIAMENTO CONTROLADO
- O número de novos registros de hospitalizações Síndrome Respiratório Aguda Grave (SRAG) de confirmados Covid-19 aumentou 19% entre as duas últimas semanas (611 para 729);
- O número de internados em UTI por SRAG aumentou 27% no Estado entre as duas últimas quintas-feiras (459 para 582);
- O número de internados em leitos clínicos com Covid-19 no RS aumentou 16% entre as duas últimas quintas-feiras (478 para 554);
- O número de internados em leitos de UTI com Covid-19 no RS aumentou 36% entre as duas últimas quintas-feiras (307 para 418);
- O número de leitos de UTI adulto livres para atender Covid-19 no RS aumentou 5% entre as duas últimas quintas-feiras (de 624 para 653);
- O número de óbitos por Covid-19 aumentou 15% entre as duas últimas quintas-feiras (de 120 para 138);
- As regiões com maior número de novos registros de hospitalizações nos últimos sete dias, por local de residência do paciente, são Porto Alegre (227), Novo Hamburgo (91) Caxias do Sul (83), Passo Fundo (69) e Canoas (64).