SAÚDE

Servidores da Saúde da capital reivindicam testagem para Covid-19

Sete profissionais foram infectados por falta de testes preventivos no Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul, que atende em média 60 suspeitos de Covid diariamente
Por Gilson Camargo / Publicado em 22 de julho de 2020
No Pronto Atendimento da Cruzeiro do Sul, sete servidores foram expostos ao contágio por falta de EPI e da testagem obrigatória para quem atua no serviço de saúde

Foto: Mariana Pires/Simpa

No Pronto Atendimento da Cruzeiro do Sul, sete servidores foram expostos ao contágio por falta de EPI e da testagem obrigatória para quem atua no serviço de saúde

Foto: Mariana Pires/Simpa

Profissionais de Saúde que atuam no Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul (Pacs), localizado no bairro Santa Tereza, em Porto Alegre (RS), realizaram ato público nesta quarta-feira, 22, em frente à unidade, para denunciar a falta de equipamentos de proteção individual e de testagem preventiva da categoria para Covid-19.

A falta de testes e de EPIs para os trabalhadores da Saúde, segundo os servidores, é recorrente na rede de atenção básica e em hospitais públicos da capital, mesmo nas unidades que estão testando a população. No Pacs, são feitas em média 60 coletas por dia de pacientes com sintomas da doença. Os profissionais também denunciaram a falta de EPIs.

A Comissão de Trabalhadoras e Trabalhadores do Pacs e o Sindicato dos Municipários (Simpa) cobraram do prefeito Nelson Marchezan Jr. (PSDB) uma política de testagem para a Covid-19 focada nos servidores da saúde que lidam diariamente com a doença nos hospitais, pronto-atendimentos e postos de Porto Alegre.

Segundo a categoria, a medida é essencial para proteger a saúde dos trabalhadores, seus familiares e dos próprios usuários e conter o avanço da pandemia. A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) não comentou, nem informou o número de servidores afastados pela doença na capital.

Quando a gestão de saúde não testa quem está na linha de frente, transforma esse profissional em vetor e coloca a vida de todos em risco”, alerta Ezequiel, do Simpa

Foto: Mariana Pires/ Simpa

Quando a gestão de saúde não testa quem está na linha de frente, transforma esse profissional em vetor e coloca a vida de todos em risco”, alerta Ezequiel, do Simpa

Foto: Mariana Pires/ Simpa

“Além de sermos servidores e atender a população, também temos de fazer a defesa do SUS, dos trabalhadores e trabalhadoras que estão na linha de frente arriscando suas vidas, enquanto o prefeito Marchezan usa cerca de R$ 3 milhões da saúde para propaganda, deixando os trabalhadores sem EPIs adequados e sem testagem”, protestou João Ezequiel, diretor-geral do Simpa.

Pressão dos trabalhadores

De acordo com o dirigente, “o laboratório do Pacs poderia estar sendo usado para fazer a testagem de cada servidor, mas a gestão Marchezan não faz mesmo tendo todas as condições para isso. Há poucos dias, houve um surto no plantão de saúde mental do Pacs. E somente depois de muita pressão dos trabalhadores, do Simpa e do Conselho Municipal de Saúde, ontem (terça-feira, 21) recebemos resposta ao ofício que encaminhamos à Secretaria Municipal de Saúde. Segundo a SMS, foi feita a testagem daqueles servidores. Mas, vamos seguir fiscalizando para ver se é verdade e para garantir que a testagem seja feita com todos os servidores da saúde”.

Ao menos sete servidores testaram positivo e estão afastados depois de um surto verificado no começo do mês no Plantão de Saúde Mental, onde cinco pacientes testaram positivo. A SMS confirmou que o contágio dos profissionais após a testagem de 40 servidores.

“O que reivindicamos é a proteção máxima aos servidores que estão na linha de frente do combate à Covid-19, arriscando suas vidas para atender a população, e são obrigados a trabalhar sem EPIs e sem testagem preventiva”, afirma Ezequiel.

A entidade organizou comissões por locais de trabalho para identificar a extensão do contágio de profissionais “contactantes”, aqueles que estão em contato com os pacientes, e apurou que essa situação está ocorrendo em outras unidades de Saúde que são equipadas para testagem, mas não aplicam o teste preventivo nos seus profissionais.

“No Hospital de Pronto-Socorro, há 50 servidores da Saúde com suspeita de Covid-19, dos quais 17 confirmados. Na Emergência, na UTI Neonatal e Centro Obstétrico do Hospital Presidente Vargas, constatamos mais de 10 pacientes positivados para o novo coronavírus. Quando a gestão de saúde não testa quem está na linha de frente, transforma esse profissional em vetor e coloca a vida de todos em risco”, alerta.

Manifestante cobraram teste para a Covid-19 focada nos servidores da saúde que lidam diariamente com a doença nos hospitais, pronto-atendimentos e postos de Saúde da capital

Foto: Mariana Pires/ Simpa

Manifestante cobraram teste para a Covid-19 focada nos servidores da saúde que lidam diariamente com a doença nos hospitais, pronto-atendimentos e postos de Saúde da capital

Foto: Mariana Pires/ Simpa

Testagem

Em resposta ao ofício do Simpa, a secretaria de Saúde admitiu que “foram identificados casos de pacientes sintomáticos no Plantão de Emergência em Saúde Mental com teste RT-PCR e teste rápido de antígeno positivo para Sars-Cov-2”.

Segundo a SMS, após a verificação do contágio, a Coordenação Municipal de Urgência solicitou avaliação da Vigilância Sanitária, que por sua vez determinou a realização de testagem nos pacientes que estavam em observação e também em todos os funcionários que tiveram contato com os casos positivos.

De acordo com a nota, cinco pacientes “apresentaram teste rápido de antígeno positivo, do total de 13 que estavam em observação. Dos 40 funcionários testados, todos foram negativos. A partir desse momento, houve a determinação de uso de EPIs para todos os funcionários e também a restrição do Pesm (Pronto Atendimento em Saúde Mental) até a normalização da situação”.

No país, 180 mil profissionais de saúde já foram infectados

De acordo com o boletim epidemiológico 22 do Ministério da Saúde, até 11 de julho foram registrados em todo o país 180 mil contágios de profissionais de saúde, entre médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de Enfermagem e fisioterapeutas que atuam diretamente na assistência e no combate à pandemia do novo Coronavírus.

Até o final de junho, o Brasil era o país com maior número de mortes por coronavírus entre os profissionais da saúde. Somente entre os de enfermagem, o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) estima 295 óbitos.

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