Crescem desligamentos por morte no emprego com carteira assinada
Foto: Agência Brasil/ Arquivo
Entre os primeiros trimestres de 2020 e 2021, os desligamentos dos empregos celetistas por morte no Brasil cresceram 71,6%, passando de 13,2 mil para 22,6 mil, revela boletim de conjuntura do emprego divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Nas atividades de atenção à saúde humana, o crescimento foi de 75,9%. Entre os médicos, os desligamentos por morte triplicaram e entre os enfermeiros, duplicaram. O Amazonas foi o estado onde houve a maior ampliação desse tipo de desligamento: 437,7%.
Na educação, o crescimento foi de 106,7% e em transporte, armazenagem e correio, de 95,2%
Dados do Caged
Infográfico: Dieese
Infográfico: Dieese
O estudo foi elaborado a partir de dados do novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) sobre o mercado formal de trabalho divulgados pelo Ministério da Economia. O Dieese analisou as informações sobre os cancelamentos de contratos de trabalho celetista ocasionados por óbito do trabalhador entre janeiro de 2020 e março de 2021.
“Verificamos como se comportaram os desligamentos por morte. São contratos de trabalho que foram fechados por conta da morte desses trabalhadores. Fizemos comparações trimestrais”, explica Rosângela Vieira, economista técnica do Dieese que participou da elaboração do boletim.
Foram comparados os dados do primeiro trimestre de 2020, que não teve impacto muito significativo da pandemia, com o primeiro trimestre de 2021, marcada pelo auge da segunda onda da covid-19 em março.
De acordo com a economista, o estudo tem como foco o fim dos contratos de trabalho por óbito do trabalhador e não a causa da morte. “Não podemos afirmar que a morte desses trabalhadores foi por conta do coronavírus, porque não existe a informação sobre o motivo ou a causa da morte. Os dados do Caged não permitem isso. O que verificamos é que a trajetória é muito parecida com o aumento de casos de mortes por coronavírus. É possível fazer uma associação, inclusive porque existiu um número grande de mortes em setores que permaneceram abertos, tidos como prioritários, como a educação”, esclarece.
“Quando a gente observa o caso do Amazonas, onde começou a segunda onda, temos também a mesma proporção, porque lá o número de desligamentos por mortes de trabalhadores se deu de forma mais acentuada entre janeiro e fevereiro de 2021”, aponta Rosângela. Entre fevereiro e março de 2021, o aumento foi de 86%.
Amazonas: triplo de óbitos do país
Foto: Rovena Rosa/ Agência Brasil
Entre o primeiro trimestre de 2020 e o mesmo trimestre de 2021, o crescimento relativo do número de desligamentos por morte no Amazonas (437,7%) foi três vezes maior do que o registrado no Brasil (71,6%).
No mesmo período, os desligamentos por esse motivo nas atividades de atenção à saúde humana aumentaram 9,5 vezes naquela unidade da Federação, cinco vezes mais do que o observado nessas funções em todo o Brasil (75,9%) e quase duas vezes mais do que a expansão dos desligamentos por morte em todas as atividades econômicas daquele estado.
Infográfico: Dieese
Infográfico: Dieese
Os desligamentos por morte de profissionais de enfermagem (considerando auxiliares, técnicos e enfermeiros) e de médicos no Amazonas aumentaram 11,0 vezes, ou 1.000%, passando de 1 para 11. No país, o aumento foi de 78,3%. O número também é maior do que o crescimento dos desligamentos totais no Amazonas.
Entre todas as atividades econômicas, as que apresentaram maior crescimento no número de desligamentos por morte estão: educação, com 106,7%, transporte, armazenagem e correio, com 95,2%, atividades administrativas e serviços complementares, com 78,7% e, saúde humana e serviços sociais (agregado), com 71,7%.
*Com informações do Dieese.