As doenças silenciosas do fígado e o transplante
Foto: Igor Sperotto
O painel As doenças silenciosas do fígado e o transplante reúne nesta quarta-feira, 28, Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais, o cirurgião Antônio Kalil e a paciente Claudia Piccolotto Concolatto, que protagonizaram o primeiro transplante hepático entre pessoas vivas no Hospital da Santa Casa de Porto Alegre (RS), há menos de dois meses. O médico falará sobre as principias doenças hepáticas, como prevenir e o processo de transplante, último recurso da medicina para garantir a sobrevida de pacientes. Claudia, psicanalista, que recebeu parte do fígado de seu filho, de 19 anos, contará sobre essa experiência. O painel será transmitido ao vivo pelo Canal da Fundação Ecarta no Youtube, com apresentação da jornalista Valéria Ochôa, diretora da Fundação Ecarta.
As hepatites virais afetam 325 milhões de pessoas no mundo e causam a morte de 1,4 milhão de pessoas por ano, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). É a segunda maior causa de morte entre as doenças infecciosas depois da tuberculose. O Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais em 28 de julho foi instituído pela OMS em 2010 para mobilizar os países no mundo em relação ao avanço dessa doença.
Proporcionalmente, no Brasil, a perspectiva é de que cerca de 450 mil pessoas estejam com hepatite C, que precisam ser diagnosticadas e tratadas. Em 2019, pela Lei nº 13.802, o Brasil instituiu a campanha Julho Amarelo com a finalidade de reforçar no país as ações de vigilância, prevenção e controle das hepatites virais, dentre elas a B e C, principais causadoras de hepatite crônica e cirrose.
O Rio Grande do Sul é o estado com a maior taxa de detecção de hepatite C no país: 46,5 casos a cada 100 mil habitantes, de acordo com o Ministério da Saúde. E Porto Alegre foi e é ainda a capital “campeã” nesse triste ranking. A cada 100 mil pessoas, 84,4 tem hepatite C na capital gaúcha.
Porto Alegre é seguida de longe no ranking pela cidade de São Paulo com 31,5, Curitiba com 22,7, Rio Branco com 18,2, Boa Vista (14,7), Florianópolis (13,2). A menor taxa entre as capitais é a de Salvador, com 3,3 casos para cada 100 mil habitantes. A cirrose hepática – dano irreversível das células hepáticas – é a condição mais frequente que leva ao transplante hepático em adultos e crianças.
Na lista de espera por transplante
A lista de espera por fígado no Brasil é de 1.060 adultos e 65 crianças. No Rio Grande do Sul, são 144 adultos e 7 crianças.
Segundo Kalil, embora sejam cirurgias complexas, pois é necessária uma parte grande do fígado do doador, o transplante intervivos representa uma alternativa importante neste período em que há crescente fila de espera pela doação de órgãos.
Foto: Arquivo pessoal
Foi isso que aconteceu no dia 5 de junho, quando a equipe de Transplantes Hepáticos Intervivos da Santa Casa de Porto Alegre realizou seu primeiro transplante hepático de adultos, com resultado altamente positivo tanto para o filho doador quanto para a mãe receptora.
As duas cirurgias simultâneas duraram 12 horas e foram coordenadas pelos cirurgiões Antonio Kalil e Flávia Feier, contando com uma equipe de mais de 10 profissionais multidisciplinares. A equipe integra o Instituto do Fígado, Pâncreas e Vias Biliares da Santa Casa de Porto Alegre e já realizou mais de 50 transplantes intervivos em crianças.
Professora universitária da Faculdade da Associação Brasiliense de Educação de Marau, Claudia é mestre em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e atualmente é doutoranda em Administração pela mesma universidade. Já definiu sua tese de doutorado: Carreira de transplantados de fígado.
O projeto Cultura Doadora
O painel As doenças silenciosas do fígado e o transplante é uma realização do projeto Cultura Doadora, instituído pela Fundação Ecarta há 9 anos com a missão de sensibilizar a sociedade para a doação de órgãos e tecidos, bem como estimular melhorias no sistema de transplantes. O público principal do projeto é a comunidade escolar. Instituições de ensino que desejarem tratar sobre este assunto podem entrar em contato com a Fundação Ecarta, que dará gratuitamente toda a assistência necessária, inclusive, subsídios pedagógicos.
Em função da pandemia, o Cultura Doadora tem restringido sua programação a painéis virtuais e aulas on-line. Neste ano, já foram abordados os temas a doação e o transplante, a doação e o transplante renal, o papel da enfermagem nos transplantes, a doação de sangue e a doação de córneas. Todos foram gravados e estão disponíveis no site da Fundação Ecarta (www.ecarta.org.br)
O painel de hoje tem o apoio do Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul – o Sinpro/RS, instituidor e mantenedor da Fundação Ecarta, e do Conselho Regional de Enfermagem do Rio Grande do Sul – o Coren-RS.