Nova coordenadora do Sistema Nacional de Transplantes quer ampliar diagnóstico de morte encefálica
Foto: Venilton Küchler/Governo do Paraná
A médica Arlene Badoch vai assumir no próximo dia 19 de agosto a coordenação geral do Sistema Nacional de Transplantes com o desafio de reorganizar e aumentar as doações de órgãos e transplantes no país. “Vamos conversar com cada secretário estadual para que entenda o processo e trabalhe junto com o SNT”, anuncia. “Quando se tem apoio das secretarias é possível implantar mudanças, inclusive de estrutura física”, diz a médica.
Até sua aposentadoria, em abril deste ano, a médica coordenava o Sistema Estadual de Transplantes do Paraná (SET/PR). Durante sua coordenação, o Estado assumiu a liderança no Brasil na doação de órgãos e tecidos: a média passou de 6,8 doações por milhão de população (pmp) em 2010 para 41,5 doações pmp em 2020 – no mesmo período, a taxa de doadores efetivos no Brasil ficou em 15,8 doações por milhão de habitantes. O Paraná conseguiu manter as doações mesmo com a pandemia de covid-19 graças ao planejamento, e fortalecimento de equipes e das Comissões Intra-hospitalares para Doações de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT), explica. Nos cinco primeiros meses de 2021 já foram registradas 34 doações pmp.
“Cada Estado tem uma realidade. No Paraná, o sistema foi construído em 10 anos, não podemos esperar uma mudança brusca de resultados”, adverte. Uma de suas primeiras medidas será fazer reuniões virtuais – e presenciais, assim que possível – com representantes das coordenações estaduais para se informar da situação de cada lugar e traçar metas a curto, médio e longo prazo. “A covid-19 mudou a vida de todos e vamos ter de fazer uma reconstrução tipo “pós-guerra” nos Estados porque desestruturou muitos serviços”, afirma.
A médica quer incentivar a cultura do diagnóstico da morte encefálica. “O SET/PR constatou que há em torno de 100 pacientes em morte encefálica por milhão de habitantes por ano no Paraná, embora se saiba que nem todos tenham perfil de doação”, exemplifica. Esta estatística será calculada por Estado e será identificada a estrutura disponível. Além disso, haverá cursos de educação continuada para treinamento de equipes, e campanhas de esclarecimento sobre segurança de protocolos e importância da doação. “A população tem que entender o que é morte encefálica, discutir doação de órgãos e verbalizar que é doadora. Quem decide é sempre a família”, lembra Badoch.