Maior parte das crianças no Brasil se alimenta com ultraprocessados
Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Estudo inédito revela que 80% das crianças brasileiras de até cinco anos consomem alimentos ultraprocessados com grande frequência. Cerca de um quinto (20,9%) tem em seu cardápio temperos industrializados que são ricos em sódio, conservantes e outras substâncias nocivas à saúde. O trabalho que foi feito sob coordenação de pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) se chama “Indicadores de alimentação da criança”. Ele integra o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani), que será divulgado nesta terça-feira, 7, em webinar.
Outro dado apontado pelos pesquisadores preocupa: os ultraprocessados também fazem parte da dieta de bebês menores de dois anos. Esse é o grupo que menos se alimenta de hortaliças e frutas no Brasil, ingredientes que deveriam compor a base da alimentação infantil. Entre as crianças dos dois aos cinco anos de idade pesquisadas, 27,4% não haviam consumido nem frutas nem hortaliças.
Concretamente, somente 22,2% das crianças brasileiras de seis a 23 meses são alimentadas com frutas e vegetais. Por outro lado, produtos industrializados como refrigerantes, biscoitos e farinha praticamente imperam na alimentação em uma faixa etária crucial para um bom desenvolvimento.
A pesquisa foi realizada entre fevereiro de 2019 e março de 2020 e não apresenta dados do período da pandemia. Ao todo, o trabalho de campo realizou visitas domiciliares em 123 cidades do país em um universo que atingiu 14.558 crianças menores de 5 anos.
Danos à saúde
Segundo especialistas, a alimentação rica em gorduras e açúcares desde a infância é a principal causa da obesidade infantil e do surgimento de hipertensão arterial, diabetes e aumento do risco cardiovascular precoces, entre outras comorbidades. No país, a obesidade infantil duplicou nos últimos dez anos.
Os resultados do Enani registram que a dieta das crianças no Brasil não segue as recomendações do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS).