Doações efetivas de órgãos no país caíram em 2021
Foto: Ministério da Defesa/ Arquivo
O Registro Brasileiro de Transplantes, divulgado na manhã desta quarta-feira, 9, pela Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (Abto), revela que as doações de órgãos para transplante no país em 2021 caíram 4,5% em relação a 2020 e 17% em relação a 2019, embora a taxa de notificação de potenciais doadores tenha crescido 14% e 5,5% respectivamente no mesmo período.
A queda foi atribuída principalmente à contraindicação devido aos riscos de transmissão da covid-19.
Em comparação com 2020, as taxas de transplante de fígado e rim com doador vivo, e de transplante de coração, pulmão, pâncreas e córnea cresceram, enquanto as taxas de transplante de rim e fígado com doador falecido diminuíram.
O estado de Santa Catarina ficou em primeiro lugar na doação de órgãos, com 40,5 doadores por milhão de população (pmp), seguido do Paraná com 35,8 doadores pmp, Ceará com 21,6 doadores pmp, e São Paulo com 21,5 doadores pmp. O Rio Grande do Sul aparece na oitava posição, com 14,1 doadores pmp.
Risco de transmissão é mínimo, afirma o médico Valder Duro Garcia
Foto: Igor Sperotto
Na introdução do Relatório, o médico Valter Duro Garcia defende a necessidade de revisão das normas de liberação de órgãos de doadores com covid-19 positivado, porque, segundo ele, há dados suficientes na literatura sugerindo que o risco de transmissão é mínimo ou ausente, com exceção do transplante de pulmão.
Com este objetivo, a Abto entregou ao Ministério da Saúde, em janeiro deste ano, o documento Recomendações para avaliação e aceite do doador na pandemia covid-19 – Liberação de transplantes com doadores covid positivo.
Transplantes realizados no país
O levantamento da Abto aponta que, em 2021, o transplante renal (22,4 pmp) apresentou queda de 2% em relação ao ano passado, ficando 26% abaixo da taxa anterior à pandemia.
O transplante hepático (9,6 pmp) teve queda de 2% em relação ao ano anterior, ficando 10% abaixo da taxa de 2019 (10,7 pmp). O transplante cardíaco (1,6 pmp) apresentou aumento de 7%, mas ainda ficou 11% abaixo de 2019.
O transplante pulmonar (0,4 pmp) apresentou aumento de 33% em relação ao ano anterior, mas com taxa 20% menor do que a de 2019, sendo que, além dos estados já consolidados (São Paulo e Rio Grande do Sul), também foram realizados transplantes pulmonares no Rio de Janeiro e no Paraná.
O transplante de pâncreas teve aumento de 12%, retornando à mesma taxa anterior à pandemia (0,8 pmp). O transplante de córneas (60,2 pmp), que havia diminuído 53% em 2020, aumentou neste ano 77%, mas ficou 16% abaixo da taxa pré-pandemia.
A lista de espera para o transplante renal cresceu 2% em relação ao ano passado, e a mortalidade, que era de 6,6%, passou para 10,7%, provavelmente devido à morte por covid-19 de pacientes em programa de hemodiálise.
Para os outros órgãos, houve também crescimento, mas menor que para rim, no ingresso em lista de espera, e não houve aumento na mortalidade em lista de espera.
Os dados indicam tendência à recuperação de transplantes pediátricos em 2021. Considerando todos os tipos de transplantes de órgãos sólidos, foram transplantadas 583 crianças, 17% a mais que em 2020 (n=486) e similar a 2019 (n=584).
Número de doadores efetivos, por milhão de população
Estado | Total |
SC | 40,5 |
PR | 35,8 |
CE | 21,6 |
SP | 21,5 |
RJ | 17,5 |
DF | 15,7 |
PE | 15,3 |
RS | 14,1 |
Fonte: Abto/Março 2022 |