Informe epidemiológico revela dados alarmantes sobre o avanço da dengue no Rio Grande do Sul
Foto: Cristine Rochol/PMPA
A morte por dengue de uma mulher de 76 anos no último dia 9 de março em Chapada, município do Norte do Rio Grande do Sul, intensifica os sinais de alerta no estado contra a enfermidade que é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. Esse foi o primeiro óbito por dengue neste ano. Em 2020, o estado registrou seis casos fatais. Em 2021, foram 11.
Segundo o último Informativo Epidemiológico de Arboviroses da Secretaria de Saúde do estado (SES/RS), hoje 87% das cidades gaúchas estão infestadas pelo mosquito. Os dados que foram coletados entre seis e 12 de março ainda informam que, até a ocasião, havia 3.058 casos suspeitos de dengue em solo gaúcho.
Entre as suspeitas, 840 foram confirmadas. Destes, 89,6% (753) foram casos autóctones, os que que são contraídos dentro da região dos infectados. Aguardando investigação, 1.919 casos, e não confirmados são 299.
Os últimos números oficiais apresentam dados preocupantes: o baixo número das análises dos casos suspeitos de dengue, 62,8% e o alto índice de confirmação nas suspeitas analisadas, 73,7%.
Números que preocupam
Infográfico: SES/RS
Apesar do Informativo da SES/RS não chamar a atenção para o fato que a situação em 2022 está se agravando, a análise dos últimos gráficos registra que houve um aumento de 48,4% das notificações.
De acordo com o informe, na décima Semana Epidemiológica deste ano, apesar do aumento de casos autóctones em reação à 2021, houve “uma diminuição dos casos confirmados, em comparação ao ano anterior”.
Acontece que os dados de 2021 levam em conta dados consolidados e os deste ano apresentam uma realidade na qual mais da metade das 1.919 suspeitas ainda não foram analisadas.
Segundo um estatístico ouvido pelo Extra Classe que solicitou sigilo, “se torna alarmante o fato de que o índice de confirmação passou de 57,5% em 2021 para 73,7% em 2022 e que podem aumentar com a conclusão das análises que não foram realizadas”.
Para a assessoria de imprensa da SES/RS, “a informação que o informativo traz é uma comparação de quantos casos até aquele momento (décima semana do ano) foram confirmados na série histórica. O aumento no número de notificados (ou suspeitos) pode estar atrelado a uma maior sensibilidade da rede de assistência”. Ou seja, os serviços de saúde estariam “mais sensíveis à identificação de casos suspeitos, porém sem ainda representar um aumento nos casos confirmados”.
Foto: Cristine Rochol/PMPA
De acordo com as últimas informações, 433 municípios do Rio Grande do Sul estão sendo considerados infestados pelo Aedes aegypti. Este é o maior número de cidades nessa situação na série histórica do monitoramento, realizado desde 2000.
Sintomas
De acordo com o informativo da SES/RS os sintomas da Dengue no estado se comportam como no restante do Brasil. “Apresentaram sintomatologia clássica, com prevalência de mialgia, cefaleia, e febre na maioria dos casos”.
A morte da idosa registrada em 9 de março ocorreu seis dias após o início de sintomas com de febre, dor de cabeça (cefaleia), dor atrás dos olhos (dor retro-orbital), dor muscular (mialgia), dor nas articulações (artralgia) e náuseas. A enferma tinha comorbidades: hipertensão arterial sistêmica e doença pulmonar obstrutiva. Exames diagnosticaram a presença de vírus do sorotipo DENV-1, um dos quatro subtipos da dengue.