Hospitais filantrópicos do RS suspendem atendimentos por 24 horas
Foto: Igor Sperotto
Foto: Divulgação
Com uma dívida superior a R$ 1,4 bilhão com bancos, fornecedores e em impostos, 16 hospitais filantrópicos e santas casas do Rio Grande do Sul suspenderam os atendimentos eletivos, não urgentes, por 24 horas nesta terça-feira, 19, como parte de um movimento nacional por mais verbas para a saúde.
Consultas, procedimentos cirúrgicos e exames laboratoriais agendados foram suspensos e remarcados. O protesto, convocado pela Confederação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos (CMB), visa alertar a sociedade para uma dívida superior a R$ 20 bilhões das cerca de 1,8 mil instituições que atendem pelo SUS. O movimento por mais verbas foi batizado de “Chega de silêncio”.
Balanço da CMB indica que, desde 2017, mais de 300 hospitais filantrópicos fecharam as portas no país devido à defasagem nos repasses do Ministério da Saúde. Um exame de imagem, por exemplo, tem apenas 35% do custo coberto pelo SUS. Uma diária de UTI, cerca de 20%. O restante precisa ser administrado pelas próprias instituições.
O presidente da Federação das Santas Casas do estado, Luciney Bohrer, disse que os pacientes de todos os hospitais foram informados sobre os adiamentos. Instituições que não puderam paralisar os atendimentos, das 250 que funcionam no Rio Grande do Sul, também fizeram atos de protesto, como panfletagens e paralisações parciais.
Defasagem
Foto: CMB/ Divulgação
No Rio Grande do Sul, segundo a Federação, a dívida do SUS com os hospitais chega a R$ 900 milhões por ano. “Precisamos da ajuda de todos os entes públicos e agentes políticos. Olhem para os hospitais filantrópicos e encontrem nos orçamentos recursos que permitam fazer frente a essa defasagem”, apelou.
A CMB representa 1.824 hospitais filantrópicos no país, que somam 169 mil leitos hospitalares, 26 mil leitos de UTI e atendem a mais de 50% da média complexidade do SUS e 70% da alta complexidade.
“A população não ficará desassistida, já que as consultas estão sendo todas reagendadas para um prazo máximo de quatro dias. Mas estamos no limite da falência”, advertiu o presidente da CMB, Mirocles Véras.
Desde o início do plano real, em 1994, a tabela SUS e seus incentivos foi reajustada, em média, em 93,77%, enquanto o INPC (Índice de Preços no Consumidor) registrou alta de 636,07%, o salário-mínimo de 1.597,79% e o gás de cozinha de 2.415,94%. “Esse descompasso representa R$ 10,9 bilhões por ano de desequilíbrio econômico e financeiro na prestação de serviço ao SUS”, completa Véras.
Segundo ele, o governo federal prometeu aportar R$ 2 bilhões ao sistema em maio do ano passado, mas até agora a promessa não se concretizou.