SAÚDE

Novos cortes de Bolsonaro colocam Hospital de Clínicas de Porto Alegre em estado de alerta

Direção do hospital emitiu comunicado interno que expressa sua preocupação frente aos cortes do governo federal, que já ultrapassam R$ 29 milhões. Pode haver contingenciamento e não pagamento de residentes
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 7 de dezembro de 2022
Novos cortes de Bolsonaro colocam Hospital de Clínicas de Porto Alegre em estado de alerta

Fotos de Clovis Prates /HCPA

O Hospital de Clínicas é mais uma vítima dos cortes que vêm sendo sistematicamente efetuados pelo executivo federal. Neste mês, já não há recursos para o pagamento de notas que ultrapassam os R$ 7 milhões

Fotos de Clovis Prates /HCPA

A direção do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) registrou na manhã dessa quarta-feira, 7, situação classificada de preocupante. Com as últimas medidas da equipe econômica do governo Bolsonaro anunciadas no final de novembro, mais R$ 15,7 milhões foram cortados do Hospital.

Com R$ 13,6 milhões já cortados em maio, ao todo o HCPA teve nesse ano R$ 29,3 milhões de verbas retidas pelo governo federal.

Em comunicado interno, a diretora-presidente do HCPA, professora Nadine Clausell, diz que se não houver uma reversão do cenário em um curto prazo, “o pagamento de fornecedores pode ser comprometido”.

Segundo Nadile, a situação orçamentária e financeira do HCPA com os cortes coloca a instituição, nesse mês de dezembro, com notas que ultrapassam os R$ 7 milhões para pagamento sem os devidos recursos.

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A diretora-presidente do HCPA, professora Nadine Clausell, diz que todos os dias a área financeira do hospital entra em contato com a área técnica do MEC para ver as possibilidades de pagamento

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“Todos os dias a nossa área financeira entra em contato com a área técnica do MEC para ver as possibilidades de pagamento. Isto está sendo administrado no dia a dia”, diz Nadine.

Se, por enquanto não há repercussão na assistência do hospital, continua a gestora, o contingenciamento em procedimentos e insumos pode vir a ocorrer. “Os materiais para órteses e próteses, enfim, precisam que os fornecedores sejam devidamente pagos”.

Por ser um hospital universitário com vínculos acadêmicos com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), o HCPA é mais uma vítima dos bloqueios que vêm sendo sistematicamente efetuados pelo executivo federal.

O último começou em 28 de novembro. Foram cortados R$ 5,7 bilhões para gastos não obrigatórios do Orçamento Geral da União de 2022. Se – com exceção da Defesa – praticamente todas as pastas foram atingidas, os setores mais prejudicados são educação e saúde.

Somente no Ministério da Educação (MEC) o corte chegou a R$ 1,68 bilhão. Os principais serviços prejudicados são os das universidades e institutos federais. cortes

Possível contingência e residentes não pagos

O comunicado da direção do HCPA chegou aos funcionários via e-mail e intranet da Organização.

No documento, a diretora-presidente registra que o hospital tem insumos médicos e medicamentos garantidos para esse mês de dezembro. No entanto, afirma Nadine, “não havendo mudanças até o final do ano, poderemos ser obrigados a adotar medidas de contingência”.

Outro impacto que pode acontecer é no pagamento dos cerca de 580 residentes do hospital universitário (médicos e multiprofissionais).

Conforme informou Nadine, os profissionais que realizam residência no HCPA refletem R$ 2,2 milhões em pagamentos de bolsas.

As Bolsas desses residentes são debitadas na Secretaria de Educação Superior (Sesu) do MEC.

Na última segunda-feira, 5, em reunião com o grupo de transição do futuro governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) os representantes da pasta afirmaram que não conseguirão pagar os cerca de 14 mil residentes que trabalham em hospitais universitários federais.

No alerta disparado pelo HCPA, foi dito que por enquanto não há “nenhum indicativo de comprometimento da folha de pagamento dos funcionários” diretos.

No entanto, ressalta Nadine, o HCPA “aguarda todos os dias uma forma de solução por parte do MEC e, obviamente, do Ministério da Economia”.

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