SAÚDE

Nova vacina contra a dengue chega ao Brasil, mas será paga

Liberada pela Anvisa em março, a eficácia para todos os sorotipos combinados vai de 66,2% (nunca tiveram a doença) a 76,1% (já tiveram); o preço deve variar entre R$ 350 e R$ 500
Por César Fraga / Publicado em 26 de junho de 2023

 

Nova vacina contra a dengue chega ao Brasil, mas será paga

A Associação Brasileira de Clínicas de Vacinas (ABCVAC) informou que uma nova vacina contra a dengue chega ao Brasil nesta semana. Composta por quatro diferentes sorotipos do vírus causador da doença, a Qdenga, da empresa Takeda Pharma Ltda, foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março. De acordo com o Anvisa, a dose confere ampla proteção contra a dengue. Porém, por enquanto, será oferecida apenas em laboratórios privados. O Sistema Único de Saúde (SUS) deverá ofertar a nova vacina somente em 2025.

Em nota, a ABCVAC informou que o preço da vacina para o público deve variar entre R$ 350 e R$ 500 para o consumidor final, dependendo do estado. Em São Paulo, por exemplo, o Preço Máximo ao Consumidor (PMC) autorizado pela Anvisa para as clínicas é R$ 379,40.

“As clínicas devem utilizar esse parâmetro na composição da sua precificação final, que também inclui o atendimento, a triagem, a análise da caderneta de vacinação, as orientações pré e pós-vacina, além de todo o suporte que os pacientes necessitam para se informar corretamente sobre a questão da vacinação”, diz a nota.

596 mortes confirmadas e 1,3 milhões de casos

No país, em 2023, já foram registrados mais de 1,3 milhão de casos prováveis de dengue no Brasil, com 596 mortes confirmadas e 428 em investigação. As regiões mais afetadas são Centro-Oeste e Sudeste. Os dados são da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde.

Segundo o Ministério da Saúde, na ocasião, ainda levará um tempo para a nova vacina contra a dengue estar disponível para a população em geral: “a gente aguarda o posicionamento oficial da OMS Organização Mundial da Saúde (OMS), que deve sair em setembro.”

Segundo ele, a nova vacina só será ofertada pelo SUS daqui um ano e meio. “Por conta dos trâmites de importação de um lote inicial, mas também de trazer essa tecnologia para Bio-manguinhos e a Fiocruz poderem produzir no Brasil”, explica.

RS já passou de 12 mil casos neste ano e bateu recordes em 2022

Neste ano, o Rio Grande do Sul já registra 12.492 casos confirmados da doença, dos quais 11.414 são autóctones, que é quando o contágio aconteceu dentro do Estado, com os demais sendo importados (residentes do RS que foram infectados em viagem a outro local). As informações são do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), vinculado à Secretaria Estadual da Saúde do Governo do Rio Grande do Sul.

Em 2022, o RS registrou seus maiores índices da doença em toda a série histórica. Foram mais de 57 mil casos autóctones e outros 11 mil casos importados. No ano passado, ao todo, foram 66 óbitos em virtude da dengue.

Indicação da nova vacina

De acordo com a Anvisa, a vacina é indicada para crianças acima de 4 anos de idade, adolescentes e adultos até 60 anos de idade. A Qdenga, portanto, é a primeira dose aprovada no Brasil para um público mais amplo, já que o imunizante aprovado anteriormente, a Dengvaxia, só pode ser utilizado por quem já teve dengue.

A nova vacina estará disponível para administração via subcutânea em esquema de duas doses, com intervalo de três meses entre as aplicações.

“A concessão do registro pela Anvisa permite a comercialização do produto no país, desde que mantidas as condições aprovadas. A vacina, contudo, segue sujeita ao monitoramento de eventos adversos, por meio de ações de farmacovigilância sob a responsabilidade da empresa”, informou.

A eficácia contra a dengue para todos os sorotipos combinados entre indivíduos soronegativos (sem infecção anterior pelo vírus) foi de 66,2%. Já para indivíduos soropositivos (que tiveram infecção anterior pelo vírus), o índice foi de 76,1%.

“A demonstração da eficácia da Qdenga tem suporte principalmente nos resultados de um estudo de larga escala, de fase 3, randomizado e controlado por placebo, conduzido em países endêmicos para dengue com o objetivo de avaliar a eficácia, a segurança e a imunogenicidade da vacina”, informou a Anvisa.

 

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