SAÚDE

Vacina da dengue pelo SUS é solicitada por laboratório japonês, confirma Nísia

De acordo com a ministra da Saúde Nísia Trindade, o laboratório japonês Takeda Pharma registrou solicitação formal para a incorporação da vacina Qdenga, contra a dengue, ao Sistema Único de Saúde
Por César Fraga / Publicado em 10 de agosto de 2023
Vacina da dengue pelo SUS é solicitada por laboratório japonês, confirma Nísia

Foto: Myke Sena / Câmara dos Deputados

“Se houver a decisão de que (a vacina da dengue) deve ser incorporada, isso ocorrerá com base em critérios técnicos e com base no interesse do SUS”, disse a ministra da Saúde Nísia Trindade em audiência na Câmara

Foto: Myke Sena / Câmara dos Deputados

A  ministra da Saúde, Nísia Trindade confirmou a informação de que o laboratório japonês Takeda Pharma registrou solicitação formal para a incorporação da vacina Qdenga, contra a dengue, ao Sistema Único de Saúde (SUS). A confirmação aconteceu durante audiência pública na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, na quarta-feira, 9.

No evento, a ministra defendeu a autossuficiência na produção de insumos para a saúde, e propôs um pacto para fortalecer o complexo econômico-industrial da área, termo que engloba as empresas que produzem e fornecem matérias-primas, medicamentos e equipamentos para a rede médico-hospitalar brasileira.

“A pandemia de covid-19 mostrou a vulnerabilidade do nosso País frente a tecnologias [de saúde], algumas complexas, como as vacinas, e outras muito simples, como luvas e máscaras. Não havia suprimentos para atender a população”, disse Trindade.

Segundo a ministra, o Ministério da Saúde tem mantido diálogo com a empresa Takeda, que também colabora com a Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) para o Fator 8 contra a hemofilia. “Essa empresa está em diálogo conosco. Entrou agora, no dia 2 de agosto, com a solicitação formal de sua incorporação”, revelou Nísia.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a vacina em março deste ano e chegou ao país em junho, mas somente para o setor privado, com indicação para pessoas de 4 a 60 anos – independentemente de exposição prévia ao vírus. Com o registro da solicitação formal para incorporação da vacina, a questão agora deve ser analisada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do SUS (Conitec).

“A dengue é um problema de saúde pública no Brasil que acompanho, pela minha trajetória na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), há 40 anos, junto aos melhores especialistas. Sabemos que tem causas ambientais profundas e, com a mudança climática, tem se agravado no nosso país. Novas vacinas são fundamentais, mas, junto com elas, tecnologias de controle dos vetores, entre outras ações”, ponderou a ministra.

A informação sobre o pedido do laboratório japonês veio depois que a ministra foi provocada pelo deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES).

“Se houver a decisão de que deve ser incorporada, isso ocorrerá com base em critérios técnicos e com base no interesse do SUS”, disse Trindade.

O Brasil é país o mais afetado pelo novo surto de dengue nas Américas. São mais de 1 milhão de casos confirmados entre 2,3 milhões de ocorrências suspeitas, e diante de cerca de 3 milhões contabilizadas no continente até o fim de junho. Os dados são da Organização Mundial da Saúde (OMS).

A taxa de letalidade da doença preocupa. Foram 1.302 óbitos na região no mesmo período. No Brasil, foram identificadas 769 vítimas fatais.

O surto deste ano nas Américas supera o total de casos notificados em 2022, que foi de 2,8 milhões. Depois do Brasil, Peru e Bolívia são os países que mais registraram casos.

No total, 1,3 milhão foram confirmados em laboratório. Classificadas como dengue grave, 3,9 mil ocorrências. Dessas, 1,2 mil em solo brasileiro.

No país, houve um aumento de 13% em comparação com o mesmo período do ano passado e de 73% em relação à média dos últimos cinco anos.

Transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti, a dengue passou a ser considerada endêmica em mais de 100 países.

De acordo com a OMS, a enfermidade teve um crescimento significativo nas últimas duas décadas, passando de meio milhão em 2000 para mais de 4,2 milhões em 2022 em todo o mundo.

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