Painel no Dia Mundial do Rim alerta para o crescimento de doença renal crônica

Foto: Igor Sperotto
Segundo o Ministério da Saúde, 42.088 pacientes estão em lista para transplantes de rim
Foto: Igor Sperotto
O painel conta com a participação da nefrologista da Santa Casa de Porto Alegre, Elizete Keitel, e de Flávia Fuga Iserhard, mãe de Guilherme, 18 anos, transplantado de rim por duas vezes.
A atividade será transmitida ao vivo, às 19h, pelas redes da Fundação Ecarta (Facebook e Youtube), que mantém, há 12 anos, o projeto Cultura Doadora com a proposta de consolidar no país a cultura da doação de órgãos para transplantes.
O acelerado aumento da prevalência da doença renal crônica e sua mortalidade têm chamado a atenção de especialistas. Criado pela Organização Mundial da Saúde, em 2006, o Dia Mundial do Rim tem a proposta de consciencializar a população da importância do rim na saúde e reduzir a ocorrência de problemas ligados às doenças renais.
A médica Elizete Keitel é líder de Grupo de Pesquisa CNPq: Doenças Renais, supervisora do Programa de Residência Médica em Nefrologia – R3 Transplante Renal e integra o corpo clínico do Complexo Hospitalar da Santa Casa de Porto Alegre.
Doença silenciosa
A doença renal crônica é o termo geral dado para alterações heterogêneas que afetam tanto a estrutura quanto a função renal, com múltiplas causas e múltiplos fatores de risco, dentre elas, a hipertensão e o diabete, não apresenta sintomas. “E tem registrado crescente prevalência, alta mortalidade e elevados custos para os sistemas de saúde no mundo”, afirma o Ministério da Saúde.
Por ser assintomática, geralmente o diagnóstico é feito tardiamente. Nesses casos, o principal tratamento imediato é o procedimento de hemodiálise, seguido de transplante.
Segundo estimativa da Organização Internacional World Kidney Day, a doença renal crônica afeta 10% da população mundial, cerca de 850 milhões de pessoas no mundo. Até 2040, a previsão é de que seja a quinta principal causa de mortes no mundo.
No Brasil, mais de 140 mil pacientes realizam diálise, procedimento artificial que remove os resíduos e a água em excesso no sangue, em função de doença renal.
Rim, órgão mais transplantado
O rim é o órgão que mais se transplanta no mundo. O transplante renal é considerado o melhor tratamento para pacientes com insuficiência renal em estágio avançado.
Dados do Ministério da Saúde de 2024 indicam que 45.481 pessoas estão em lista de espera por um órgão sólido, dos quais 42.088 por um rim.
Conforme dados de 2025 da Central de Transplantes do Rio Grande do Sul, a lista de espera por órgãos sólidos é de 1.398 pacientes, sendo que 1.157 aguardam um rim.
No caso do transplante de rim, a operação pode ocorrer tanto com doador vivo, como falecido. O transplante intervivos representa 14,5% do total, já que é possível viver com um rim. A lista para transplante é cronológica, mas fatores como gravidade e compatibilidade com o doador são considerados para o procedimento.
Por uma sociedade doadora
Por meio do projeto Cultura Doadora, a Fundação Ecarta tem se dedicado a informar a sociedade brasileira sobre a importância da doação de órgãos para transplantes, assim como a defender melhorias na estrutura médico-hospitalar.
Há dois anos, depois de uma imersão neste universo, a Ecarta lançou o livro-reportagem inédito Corrida contra o tempo – O que compromete a doação de órgãos e a eficiência do sistema de transplantes no Brasil (Carta Editora, 248 p.), da jornalista Valéria Ochôa, com reportagens dos jornalistas Flávio Ilha, Marcia Anita, Stela Pastore e Valéria Ochôa e fotografia de Igor Sperotto.
“O sistema de transplantes de órgãos no Brasil é um dos mais eficientes do mundo, mas se ressente de limitações na fase de captação e principalmente na baixa conscientização da sociedade sobre a importância da doação”, destaca Marcos Fuhr, presidente da Fundação Ecarta.
A Fundação também tem mobilizado a sociedade para a importância da regulamentação do uso da membrana amniótica no tratamento de queimado. O Brasil é o único país na matéria que não usa a membrana amniótica. A regulamentação de seu uso pelo Sistema Única de Saúde (SUS) está em análise há três anos na Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec).