Panelaço contra a fome e o desemprego ocupa ruas do centro de Porto Alegre
Foto: Igor Sperotto
A movimentação começou lentamente no final da manhã de sol deste sábado, 9, nas ruas centrais de Porto Alegre, com a chegada dos primeiros coletivos populares empunhando faixas e cartazes. Em meio aos primeiros panelaços, os manifestantes improvisavam palavras de ordem que alertavam para a escalada da fome, da miséria e do desemprego no país, e para o descontrole dos preços dos combustíveis e gás de cozinha. “Tudo caro, a culpa é do Bolsonaro” era a frase mais repetida e estampada nos materiais exibidos na manifestação.
A Marcha contra a Fome, a Miséria e o Desemprego, organizada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT-RS) e demais centrais, sindicais e movimentos sociais teve início às 13h30min, com uma concentração no centro da capital e depois prosseguiu em caminhada pelas ruas do Centro Histórico até a concentração final no Largo Zumbi dos Palmares, já no final da tarde.
Foto: Igor Sperotto
Durante a concentração no Largo Glênio Peres, lideranças das centrais sindicais, dirigentes de sindicatos de trabalhadores e representantes de movimentos sociais e populares evocaram do alto do carro de som a urgência de uma unidade antibolsonaro.
“Nossa luta é contra o governo Bolsonaro e contra o bolsonarismo aqui no Rio Grande do Sul, onde ao menos 20 mil pessoas estão na mais absoluta miséria, sem ter o que comer”, desabafou João Batista Xavier, dirigente da Federação dos Sapateiros.
“Não vamos sair das redes e das ruas enquanto não conquistarmos de volta os direitos dos trabalhadores, as empresas estatais que estão sendo vergonhosamente vendidas”, enfatizou Amarildo Cenci, presidente da CUT-RS.
“Estamos aqui em nome de direitos, de dignidade e de comida no prato para todos os brasileiros. Mas para mudar esse país, cada um e cada uma deve se empenhar em ser um comitê de luta contra a exclusão social, a miséria e o desemprego”, conclamou.
Inflação fora de controle e fome
Foto: Igor Sperotto
O dirigente destacou que a inflação acima de 10% desde setembro de 2021 e os preços da alimentação batendo recordes a cada dia contribuem para piorar ainda mais a vida da maioria dos brasileiros sem renda.
“Só no primeiro semestre deste ano, mais de 33 milhões de brasileiros ficaram sem acesso a qualquer tipo de alimento”, destacou. Essa situação é caracterizada pelos organismos internacionais como “fome” ou “insegurança alimentar grave”.
De acordo com o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia, divulgado no início de junho pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), outros 125,2 milhões de brasileiros estão em insegurança alimentar, ou seja, ficaram sem acesso a uma alimentação adequada.
Relatos
Foto: Igor Sperotto
Cláudio Guimarães, presidente da Força Sindical RS chamou a atenção para a realidade nas periferias.
“A fome está batendo na porta de casa das pessoas que não estão conseguindo mandar seus filhos para a escola e quando mandam, eles vão de barriga vazia”, alarmou-se o dirigente. Guimarães pediu a organização de uma “grande frente para derrotar o Bolsonaro e o bolsonarismo e o que eles têm de mais cruel, que não representam as pessoas mais simples, e que são contra as mulheres, os negros, os índios, os pobres”.
Enquanto a educação vai de mal a pior nos municípios, onde falta até a merenda, apontou Fabrício Loguércio, da CTB, “esse governo genocida que causa a fome, a miséria e o desemprego cobra propina em ouro para as prefeituras terem acesso às verbas da educação”.
“O povo porto-alegrense acordou para culpar o Bolsonaro pela situação dramática das pessoas que estão vagando pelas ruas em busca de comida. Por isso, é fundamental derrotar o bolsonarismo aqui no Rio Grande do Sul”, disse, citando os pré-candidatos da ultradireira ao governo gaúcho.
“A fraude eleitoral e as ameaças que eles fazem contra a democracia devem ter como resposta uma grande mobilização popular”, propôs a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS). “Essa luta para resgatar o Brasil para os brasileiros é de cada trabalhador que hoje não está tendo acesso a um prato de comida e é de todos aqueles que perderam um familiar para a covid-19”, sugeriu.